Publicado 17/09/2024 13:19
A ginasta americana Jordan Chiles entrou com recurso junto à Suprema Corte da Suíça para tentar reaver a medalha de bronze que conquistou na Olimpíada de Paris-2024, na mesma prova em que Rebeca Andrade se sagrou campeã olímpica. Com o recurso, a atleta vai além das esferas esportivas para recuperar a vaga no pódio da prova de solo.
PublicidadeA disputa pelo bronze vem se tornando uma "novela" dos Jogos Olímpicos após recursos tanto da americana quanto da romena Ana Maria Barbosu, que acabou ficando com o terceiro lugar. No dia da competição, quem subiu ao pódio no terceiro posto foi Chiles, que protagonizou uma das cenas mais marcantes da Olimpíada ao fazer reverência à Rebeca ao lado de Simone Biles, medalhista de prata no solo.
A imagem, contudo, tornou-se desatualizada rapidamente. Após uma série de recursos das equipes dos Estados Unidos e da Romênia ainda durante a disputa do solo, a federação romena acionou a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), que decidiu em favor de Barbosu. Assim, Chiles precisou devolver a medalha.
No recurso junto à CAS, os romenos alegaram que a apelação de Chiles durante a prova do solo, o que acabou levando a americana ao pódio, havia sido feito quatro segundos depois do prazo final estabelecido pela Federação Internacional de Ginástica. Como o recurso dos romenos foi aceito pela CAS, a nota de Chiles foi reduzida, a tirando do pódio.
Os advogados de Chiles argumentaram que a CAS não levaram em conta os vídeos da disputa do solo, que, na avaliação dos americanos, "provam inequivocamente" que o recurso havia sido submetido a tempo, dentro do prazo final da federação internacional. Eles também apontaram que Hamid Gharavi, o presidente do julgamento da CAS, tinha conflito de interesses, por ter atuado como advogado da Romênia por quase dez anos.
"Do início ao fim, os procedimentos que levaram à decisão do painel da CAS foram fundamentalmente injustos, e não é surpresa que tenham resultado em uma decisão injusta", disseram os advogados. O recurso de Chiles pode transformar a disputa numa batalha legal de meses ou anos sobre as pontuações da ginástica, alvo de críticas ao longo de toda a Olimpíada.
Na semana passada, em evento público, Chiles se manifestou sobre a decisão da CAS e disse que era vítima de racismo. E lembrou que o pódio inicial do solo tinha apenas atletas negras.
"A maior coisa que foi tirada de mim foi o reconhecimento de quem eu era. Não apenas meu esporte, mas a pessoa que eu sou. Para mim, tudo o que aconteceu não tem a ver com a medalha, mas sim com a cor da minha pele", afirmou, sem conseguir segurar as lágrimas, na Cúpula das Mulheres.
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