Publicado 23/06/2021 19:28
O projeto de fossa séptica ecológica instalado em Guapimirim, na Baixada Fluminense, está servindo de inspiração e poderá ser implementado em outros municípios fluminenses. Um deles é o de Itaboraí, cujas negociações estão bem adiantadas. Nessa terça-feira (22/6), a Prefeitura de Guapimirim, por meio da Secretaria Municipal do Ambiente e Sustentabilidade, firmou uma parceria inédita com a Prefeitura de Itaboraí para capacitar os servidores itaboraienses sobre a instalação desses biodigestores.
O encontro ocorreu em território guapimiriense, com representantes das secretarias municipais do Ambiente e Urbanismo (Semau) e da Desenvolvimento Social (SEMDS) e do Grupamento Ambiental Municipal de Itaboraí (Gepam), todos de Itaboraí.
O projeto, que faz parte do programa “Meu Bairro Agora é Diferente”, também despertou o interesse das prefeituras de Cachoeiras de Macacu e de Rio Bonito. As discussões ainda estão em fase inicial, conforme apurou O Dia.
Em maio deste ano, a Prefeitura de Guapimirim começou a construir fossas sépticas ecológicas em cinco residências no bairro Sapê. O critério adotado para a seleção dos imóveis foi o cadastro na Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos.
Os biodigestores servem para destinar, de modo sustentável, o esgoto, por meio de um sistema de câmara de pneus, com tubo para filtragem e sumidouro, para a separação de água com urina e de fezes. A decomposição dos dejetos será feita por bactérias anaeróbicas.
Por meio de um tanque de evapotranspiração, é instalado um sistema de câmaras de pneus dividido em dois módulos: no primeiro, as bactérias decompõem os dejetos, fazendo com que a matéria orgânica fique acumulada no fundo; e no segundo módulo, o líquido restante continua sendo tratado pelas bactérias, que eliminam mais de 90% da matéria contaminante da água. Desse modo, evita-se a contaminação do lençol freático.
Cada domicílio tem seu próprio biodigestor, podendo ser usado em locais com até cinco pessoas cada. O sistema é de baixo custo e totalmente ecológico, pois não utiliza energia elétrica nem produtos químicos e também reduz os gastos com caminhões sugadores de fossas negras. Outra vantagem é que não deixa mau cheiro nem proliferação de moscas, por exemplo.
Após a instalação dos biodigestores, são plantadas algumas espécies de árvores para facilitar a evapotranspiração. Desse modo, evitando o alagamento em caso de chuvas. Outra curiosidade é que as fossas sépticas ecológicas são ricas em nutrientes, o que é um fator positivo para a agricultura.
As fossas ecológicas têm sido opção viável em áreas rurais e em regiões onde não há saneamento básico. No estado do Rio de Janeiro, Guapimirim é pioneiro.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), órgão ligado ao governo federal, apontam que, em 2019, 48% da população brasileira não possuíam rede de esgoto. A fossa séptica ecológica pode ser uma alternativa eficaz para que o Brasil consiga cumprir até 2030 com o Objetivo nº 6 – dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – das Nações Unidas (ONU), que trata sobre o acesso universal à água potável e ao saneamento básico e higiene como forma de reduzir a poluição ambiental e garantir melhor qualidade de vida para populações em situação de vulnerabilidade social.
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