Pedro Castillo, presidente do PeruAFP
Publicado 28/07/2021 13:33
O professor rural de esquerda Pedro Castillo assume nesta quarta-feira (28) a Presidência do Peru com a missão de enfrentar a pandemia, reativar a economia e acabar com as convulsões políticas que marcaram o último mandato.
Três dias de cerimônias estão programados para a posse do novo presidente, que receberá a faixa bicolor no dia em que o Peru comemora o bicentenário da independência.
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A nova chefe do Congresso, a opositora María del Carmen Alva, tomará o juramento do novo presidente em uma cerimônia que deve começar ao meio-dia (14h00 de Brasília).
Muitas ruas do centro de Lima foram cercadas pela polícia, que mobilizou 10.000 agentes em toda a capital.
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Vestido com um terno andino preto bordado e seu clássico chapéu Cajamarca branco de cano alto, Castillo chegou pouco antes das 9h (11h00 de Brasília) ao Palácio Torre Tagle, sede da Chancelaria.
De acordo com o protocolo, lá deverá aguardar uma delegação parlamentar que o levará ao Congresso, um percurso de quatro quarteirões que pode ser feito a pé ou de carro.
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Depois de tomar posse, Castillo fará um discurso no qual deverá detalhar suas prioridades e tentar aliviar as preocupações do setor privado e de boa parte dos peruanos que temem uma virada acentuada para o socialismo após três décadas de políticas liberais.
"Castillo tem que dar sinais da gestão da economia" e esclarecer "com quem vai selar alianças para [formar] o gabinete e o Parlamento", comentou à AFP a cientista política Jessica Smith.
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O novo presidente tem procurado dissipar os temores, descartando a cópia de "modelos" estrangeiros e negando que seja "chavista", e seu principal assessor econômico, Pedro Francke, disse à AFP que o programa "nada tem a ver com a proposta da Venezuela".
No entanto, "o governo bolivariano da Venezuela foi formalmente convidado para a posse do presidente Castillo", disse à AFP uma fonte do Peru Livre, o novo partido governante que se define como marxista-leninista.
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Isso indica uma mudança em sua política externa, já que o Peru reconheceu em 2019 o opositor Juan Guaidó como legítimo governante venezuelano, como 60 outros países.
Castillo recebeu na segunda-feira um telefonema do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que, além de parabenizá-lo, disse que Washington espera dele "um papel construtivo" em relação à Venezuela, Cuba e Nicarágua.
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A posse será assistida pelo rei da Espanha, Felipe VI, cinco presidentes (Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile e Equador) e dois vice-presidentes (Brasil e Uruguai), bem como um enviado do presidente americano Joe Biden, o secretário de Educação Miguel Cardona.
Castillo foi proclamado presidente eleito há oito dias pelo júri eleitoral, que levou um mês e meio para analisar as contestações e recursos antes de declará-lo o vencedor da votação de 6 de junho contra a candidata de direita Keiko Fujimori.
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O novo presidente, de 51 anos, que costuma usar o chapéu branco típico dos camponeses de sua terra natal, Cajamarca (norte), é católico e contrário ao aborto e às uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Castillo, que deve anunciar os nomes de seu chefe de gabinete e ministros-chave a qualquer momento, terá a centro-direita María del Carmen Alva como líder do Congresso peruano.
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Dez partidos estão presentes no fragmentado Congresso de 130 membros. As maiores bancadas são do Peru Libre, partido de Castillo, com 37 cadeiras, e da Força Popular de Fujimori, com 24. Ação Popular, partido de Alva, tem 16.
Castillo viajará para a cidade andina de Ayacucho na quinta-feira para uma inauguração simbólica no Pampa de la Quinua, cenário da Batalha de Ayacucho em 9 de dezembro de 1824, que selou a independência do Peru e do resto da América espanhola. Na sexta-feira, ele comandará um Desfile Militar em Lima.
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O presidente interino Francisco Sagasti, que recebeu Castillo no Palácio do Governo na última sexta-feira, recomendou que avalie se é justo insistir em sua proposta de mudança da Constituição, rejeitada pela direita.
Sagasti destacou o "senso de humor" e a "simplicidade" do novo presidente, que "perguntou onde colocaria os animais que tem em sua casa rural em Cajamarca".
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