Publicado 05/01/2023 14:04 | Atualizado 05/01/2023 14:17
Vaticano - O Papa emérito Bento XVI, que foi enterrado nesta quinta-feira, 5, deixou um testamento espiritual por escrito. No documento, que é iniciado com diversos agradecimentos, destaca-se um curto pedido de desculpas do ex-pontífice, morto no último dia 31.
"A todos aqueles que de algum modo tenha cometido um erro, peço perdão de coração", se limitou a dizer Joseph Aloisius Ratzinger, que foi acusado em 2022 de ter encoberto padres pedófilos ainda quando era arcebispo na Alemanha.
O texto foi divulgado pelo Vaticano no dia da morte de Bento XVI e é datado de 29 de agosto de 2006. Ratzinger negou até o fim de sua vida ter dado cobertura aos padres, mas chegou a pedir desculpas às vítimas de violência sexual.
"Agradeço antes de tudo ao próprio Deus, o dispensador de todo bom dom, que me doou a vida e me guiou através de vários momentos de confusão; levantando-me sempre toda vez que começava a escorregar e dando-me sempre novamente a luz da sua face. Retrospectivamente vejo e compreendo que mesmo os trechos obscuros e cansativos deste caminho foram para a minha salvação e que justamente neles Ele me guiou bem", começa o testamento, publicado pelo 'Vatican News'.
A devoção a Deus foi demonstrada, inclusive, em suas últimas palavras em vida, que foram "Senhor, eu te amo" em italiano. A declaração foi testemunhada por uma enfermeira, disse o bispo Georg Gänswein, secretário particular do ex-papa.
Logo depois, no testamento, os agradecimentos são direcionados aos pais, irmãos, e aos "muitos amigos, homens e mulheres, que Ele sempre colocou ao meu lado". Disse também ser grato aos "colaboradores" que o ajudaram em todas as etapas de seu caminho, mestres e estudantes.
Ainda em gratidão, homenageou à sua "bela pátria", na qual afirmou sempre ter visto "transparecer o esplendor do próprio Criador". Ele, que nasceu na Alemanha, agradeceu aos naturais do país e rezou pela nação. "Rezo para que a nossa terra permaneça uma terra de fé e vos peço, queridos compatriotas: não vos distraiais da fé".
Na sequência, após chamar Roma e Itália de "segunda pátria" e emitir o pedido desculpas, ele deixa um recado de perseverança:
"Permanecei firmes na fé! Não vos deixeis confundir! Com frequência, parece que a ciência – as ciências naturais de um lado e a pesquisa histórica (em particular a exegese da Sagrada Escritura) de outro — seja capaz de oferecer resultados irrefutáveis em contraste com a fé católica."
"São pelo menos 60 anos que acompanho o caminho da Teologia, em especial das Ciências Bíblicas, e com o subseguir-se das várias gerações vi ruir teses que pareciam inabaláveis. Jesus Cristo é realmente o caminho, a verdade e a vida — e a Igreja, com todas as suas insuficiências, é realmente o Seu corpo", declarou.
Na conclusão, ele pediu orações, falou em seus próprios pecados e em despedida, que ainda demoraria quase 17 anos.
"Por fim, peço humildemente: rezem por mim assim que o Senhor, não obstante todos os meus pecados e insuficiências, me acolher nas moradas eternas. A todos aqueles que me são confiados, dia após dia, vai de coração a minha oração", conclui o texto.
"Por fim, peço humildemente: rezem por mim assim que o Senhor, não obstante todos os meus pecados e insuficiências, me acolher nas moradas eternas. A todos aqueles que me são confiados, dia após dia, vai de coração a minha oração", conclui o texto.
Joseph Ratzinger renunciou ao pontificado em 28 de fevereiro de 2013 e foi sucedido por Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco em 13 de março de 2013.
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