Palestinos precisaram deixar as pressas as residências após novos bombardeios israelenses em GazaMahmud Hams/ AFP
Publicado 03/12/2023 09:33
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Israel intensificou no sábado, 2, os bombardeios no sul da Faixa de Gaza, onde tinha orientado os civis residentes no norte do território palestino a se refugiar. Os militares israelenses ordenaram aos moradores da divisa entre as duas áreas a abandonar suas casas, sinal de uma possível incursão terrestre no sul. A ordem veio em meio a pedidos dos EUA para que Israel proteja os civis de Gaza após o colapso da trégua de uma semana com o Hamas.

A exigência se parece a ordens dadas por Israel antes de entrar no norte do enclave no final de outubro. Em um comunicado, os militares israelenses informaram que atingiram mais de 400 alvos do Hamas em Gaza, incluindo mais de 50 ataques em Khan Younis, a maior cidade do sul de Gaza, onde centenas de milhares de deslocados se abrigaram depois de terem sido instruídos a deixar o norte. O Ministério do Interior de Gaza disse que Al Qarara, uma cidade próxima, também foi atingida.

O Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas, disse em um comunicado na tarde de sábado que 193 pessoas foram mortas nos bombardeios. E acrescentou que, desde os ataques terroristas do Hamas ao território israelense em 7 de outubro, mais de 15.000 pessoas morreram em Gaza, um salto acentuado em relação à contagem anterior de mais de 13.300 em 20 de novembro.


Deslocamento

Alguns palestinos perto de Khan Younis disseram que aviões militares israelenses lançaram panfletos orientando as pessoas a se retirar para abrigos na área de Rafah, uma cidade na fronteira de Gaza com o Egito.

Os folhetos, que tinham a insígnia das Forças de Defesa de Israel, declaravam Khan Younis como "uma zona de combate perigosa". As forças terrestres israelenses já capturaram partes do norte de Gaza e as autoridades afirmaram durante semanas que a sua infantaria pretende se dirigir-se para o sul na direção de Khan Younis.

As aldeias do sul que receberam ordem de retirada ontem ficam entre a fronteira israelense e Khan Younis, sugerindo que as forças israelenses podem estar se preparando para avançar através delas. Entre elas estão Al Qarara, Bani Suheila, Abasan e Khuza'a.

Cerca de 1,8 milhão de habitantes de Gaza, mais de três quartos das pessoas que vivem no território, já foram deslocados pela guerra, segundo a ONU, e muitos dizem que não há mais lugar de refúgio. Ainda assim, no início da tarde de ontem, multidões de residentes de Al Qarara começaram a fugir para o sul, alguns deles deslocados pela segunda vez desde o início da guerra.

Também no sábado, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, declarou que os EUA se opõem à realocação forçada de residentes de Gaza para o Egito ou para campos de refugiados fora do enclave.

Em meio à retomada dos bombardeios após o colapso da trégua que permitiu a troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses, o Hamas anunciou que não haverá mais trocas até o fim da guerra. O vice-chefe político do grupo terrorista, Saleh al-Arouri, exige um cessar-fogo definitivo para a manutenção das trocas, uma condição que Israel não dá sinais de concordar.

Lula fala em genocídio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a ofensiva israelense em um entrevista ao canal de televisão do Catar Al Jazeera. Lula disse que as respostas israelenses aos ataques terroristas de 7 de outubro são "ainda mais sérias" que o ataque do grupo terrorista Hamas e voltou a falar em "genocídio". As declarações foram transmitidas na noite de sexta-feira.
*Com agências internacionais


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