Lula e Putin, presidentes de Brasil e Rússia, respectivamenteReprodução
É realista esperar qualquer resultado diferente de uma vitória de Putin na eleição?
"É uma eleição estranha, na qual três pessoas competem para mostrar quem ama mais o presidente Putin. Ele vencerá facilmente. Essa ditadura realiza eleições para mostrar que Putin tem apoio do povo russo, o que é falso. Se tivéssemos eleições livres, teríamos um grande número de pessoas votando contra a guerra. Além disso, a maioria dos líderes da oposição foi morta, está na prisão ou no exílio. Não há imprensa livre. Algumas pessoas ainda acham que essas eleições são reais, o que não é verdade".
A morte de Navalny afeta as eleições?
"O assassinato estratégico de Alexei Navalny aumentou o interesse nas eleições e agora é uma chance de a população se manifestar. As pessoas deveriam comparecer em peso e votar em qualquer candidato que não seja Putin, para mostrar que se opõem à ditadura".
Como fica a oposição após a morte de Navalny?
"Há muito luto e raiva, mas também inspiração. As pessoas estão experimentando emoções fortes em relação a Navalny. É um momento importante em que as pessoas não têm mais nada a perder. Navalny deixou o legado antiguerra e em favor da democracia. O problema aqui é que as expectativas estão altas, as pessoas estão aguardando quando a viúva de Navalny, Yulia Navalnaia, indicará seus próximos passos. E isso é perigoso, porque não sabemos se essas expectativas podem se concretizar".
A reação internacional à morte de Navalny foi satisfatória?
"Fiquei profundamente decepcionado com a declaração do presidente Lula. Talvez tenha sido uma atitude diplomática, mas basicamente ele disse que precisava aguardar as investigações oficiais, que muitas vezes as pessoas morrem por razões naturais, algo assim. Isso é muito pró-Putin. É claro que Navalny foi assassinado. O mundo deve ver que a Rússia é governada por uma espécie de gangue criminosa".
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