Foto tirada em 24 de julho de 2021 mostra o jornalista Evan GershkovichAFP
"Jamais imaginamos que nosso filho e irmão se encontraria nesta situação, e muito menos que passaria um ano inteiro sem certezas nem um caminho claro" a seguir, afirma a família em carta dirigida aos leitores do Wall Street Journal, a empresa para a qual trabalhava Gershkovich. "Mas, apesar desta longa batalha, ainda seguimos firmes."
Gershkovich, de 32 anos, foi detido por agentes do serviço de segurança FSB em 29 de março de 2023. As autoridades o denunciaram por espionagem, a primeira acusação deste tipo contra um jornalista ocidental desde a era soviética.
O repórter, o Wall Street Journal e a Casa Branca rejeitam as acusações de espionagem e garantem que ele é apenas um jornalista que exercia o seu trabalho.
"Jornalismo não é crime e Evan foi à Rússia fazer seu trabalho como repórter, arriscando sua segurança para fazer brilhar a luz da verdade sobre a brutal agressão da Rússia contra a Ucrânia", declarou o presidente americano Joe Biden em comunicado.
O inquilino da Casa Branca se comprometeu a "seguir trabalhando todos os dias para conseguir sua libertação", assim como a "denunciar" e fazer a Rússia pagar pelas "tentativas atrozes [...] de utilizar os americanos como moeda de troca".
O presidente russo, Vladimir Putin, diz estar disposto a envolver Gershkovich em uma troca. Segundo o Kremlin, as negociações continuam nos bastidores.
Aperto no coração
"É como prender a respiração", escreveu a família. "Vivemos com um aperto constante no coração pensando em Evan a cada momento de cada dia."
A família, que se reuniu com Biden, agradeceu ao governo americano, ao jornal, aos amigos de Gershkovich e aos ativistas por seu trabalho pela libertação do jornalista e apoio.
"Ao longo de todos os desafios deste momento conturbado, vimos como Evan enfrenta esta incerteza, preso em uma cela pequena, com poucas notícias do mundo, sem sua liberdade."
O governo americano declarou que Gershkovich está detido injustamente, o que significa que o considera, de fato, um refém político.
"A Evan, a Paul Whelan e a todos os americanos mantidos como reféns ou detidos injustamente no exterior: estamos com vocês. E jamais deixaremos de trabalhar para trazer vocês de volta para casa", disse Biden, ao mencionar o caso de um ex-fuzileiro naval americano que também está preso na Rússia.
Whelan, que trabalhava como segurança para uma empresa americana de peças para veículos na Rússia, foi detido em dezembro de 2018 e cumpre pena de 16 anos por espionagem, uma acusação que tanto ele quanto o governo americano negam.
No ano passado, a família de Gershkovich viu imagens e fotografias de um tribunal de Moscou ao qual ele comparecia com frequência para que sua prisão preventiva fosse continuamente prorrogada.
"Vemos ele enfrentar isso de cabeça em pé porque é inocente", escreveu a família na carta. "Ele nos inspira a seguir em frente a cada dia, especialmente nos dias em que recebemos suas cartas e vemos seu sorriso nas câmeras do tribunal."
Esta semana, o tribunal de Moscou prorrogou a prisão preventiva de Gershkovich até o fim de junho.
Nesta sexta-feira, o Wall Street Journal publicou um grande espaço em branco em sua capa com a manchete: "Sua história deveria estar aqui".
Na prisão moscovita de Lefortovo, o repórter divide uma pequena cela com outro detento.
Todos os dias, faz um passeio de uma hora em um pequeno pátio da prisão, tenta se manter em forma fazendo exercícios e depende das frutas e verduras enviadas por seus amigos para complementar a pobre dieta carcerária.
"Vamos seguir lutando pela liberdade de Evan, custe o que custar", diz a família na carta.
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