Sean 'Diddy' Combs discursa durante o Oscar 2022 em Hollywood, Los AngelesRobyn Beck / AFP
Entenda acusações de tráfico sexual contra o rapper Sean 'Diddy' Combs
Denúncias colocam o músico no centro de um esquema que organizava eventos com sexo coagido e violência
O magnata do rap Sean "Diddy" Combs, de 54 anos, foi preso acusado de dirigir uma empresa que coordenava eventos descritos como "performances sexuais elaboradas e produzidas" em quartos de hotéis de luxo. Eles envolviam sexo coagido, violência e uso de drogas, podendo durar dias, deixando os participantes tão exaustos que precisavam utilizar fluídos intravenosos para se recuperar. As informações são do jornal americano "The New York Times".
Os envolvidos nesses eventos os conheciam como "freak-offs". Eles foram detalhados pelo governo como verdadeiros "shows de horror". Segundo as denúncias, Combs escalava pessoas com a função de gravar vídeos dos encontros e usava o material para chantagear os integrantes e os impedir de reclamar. As maratonas sexuais contavam com equipes de limpeza para encobrir os danos nas suítes, espalhadas por todo os Estados Unidos.
Sean "Diddy" foi preso na última segunda-feira (16). A acusação criminal federal de 14 páginas mencionou outros crimes, como sequestro, incêndio criminoso e obstrução da justiça, mas os "freak-offs" constituem o "núcleo" do caso e são "inerentemente perigosos", afirmou Emily A. Johnson, uma das promotoras, em audiência na semana passada.
Revelações feitas pela ex-namorada de Combs, a cantora Cassandra Ventura, mais conhecida como Cassie, foram determinantes para o processo. Ela o acusou de dirigir os encontros nos hotéis de luxo e lembrou de ter sido orientada por ele a derramar grandes quantidades de óleo sobre si mesma, além de determinar em quais partes dos prostitutos presentes ela deveria tocar. Enquanto isso, segundo a denúncia, "Diddy" gravava a cena enquanto se masturbava.
"Ele tratava o encontro forçado como um projeto artístico pessoal, ajustando as velas que usava para iluminar os vídeos que gravava", afirmou Cassie.
Conforme a reportagem, Sean se declarou inocente. Seus advogados afirmaram que os encontros eram consensuais e não envolviam força, fraude ou coerção. Um deles, Marc Agnifilo, disse que entrevistou homens descritos como trabalhadores sexuais nos "freak-offs" e não encontrou indícios de haver situações forçadas.
"Alguém estava bêbado demais? Alguém estava drogado demais? Alguém expressou hesitação? Havia o menor indício de que, possivelmente, a mulher não estivesse consentindo?", disse. Todas as respostas foram "não", segundo Agnifilo.
Ainda assim, Emily A. Johnson expressou confiança. Ela relatou que o governo possui uma "grande quantidade" de evidências, incluindo fotos, vídeos, mensagens de texto e testemunhas, que declararam presenciar violência "durante e em conexão" com os freak-offs, versão negada pela defesa de Combs. Um júri em Manhattan, Nova Iorque, deve analisar o caso em alguns meses. Até lá, "Diddy" provavelmente ficará em uma prisão federal no Brooklyn.
Sobre o rapper
Sean "Diddy" Combs, também conhecido como "Puff Daddy" ou "P. Diddy", nasceu em 4 de novembro de 1969 em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Além de compor músicas, ele é considerado um dos maiores empresários da história do rap e essencial para a formação das carreiras de astros como The Notorious B.I.G. (1972-1997) e Usher.
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