Circunstâncias do acidente estão sob investigaçãoAFP

O incêndio provocado pela colisão entre um cargueiro e um petroleiro no Mar do Norte na segunda-feira (10), no litoral da Inglaterra, continua na manhã desta terça-feira (11), enquanto o incidente gera temores de um grande desastre ecológico.
"O incêndio durou toda a noite e ainda continua na manhã desta terça", declarou à AFP Martyn Boyers, diretor do porto de Grimsby, no nordeste da Inglaterra, não muito distante do local do incidente no qual um dos tripulantes do cargueiro desapareceu.

Imagens divulgadas pela BBC mostram densas colunas de fumaça negra saindo do local da colisão. O petroleiro Stena "Immaculate" aparece danificado, com uma grande fissura em uma de suas laterais. O porta-contêineres "Solong" "surgiu do nada", contou um membro da tripulação do petroleiro à BBC.

O petroleiro fretado pelo Exército norte-americano estava ancorado a 16 quilômetros da cidade de Hull quando foi atingido pelo porta-contêineres, em circunstâncias ainda desconhecidas.

O cargueiro, com bandeira portuguesa, transportava uma quantidade indeterminada de álcool e quinze contêineres de cianeto de sódio, um gás inflamável e altamente tóxico, segundo o site especializado Lloyd's List Intelligence, especializado em transporte marítimo.

A colisão provocou um grande incêndio. Um dos tanques do "Stena Immaculate", que continha querosene, se rompeu, o que provocou um vazamento e gerou temores de importantes danos ambientais.

'Incêndios do inferno'
O primeiro objetivo é conter o fogo, mas a contaminação relacionada ao acidente tem o potencial de se estender amplamente dependendo das correntes e das ondas, com o risco de afetar essas áreas protegidas", alertou Daniela Schmidt, professora de ciências na Universidade de Bristol.

A busca por um membro da tripulação do cargueiro desaparecido do cargueiro foi suspensa durante a noite. O desaparecido era um dos 14 membros da tripulação do cargueiro. Um total de 36 membros das duas tripulações foram levados ao litoral em bom estado de saúde.

Colisão foi a principal notícia em todos os jornais britânicos

"Catástrofe", afirma o The Mirror, enquanto o jornal The Sun cita "Incêndios do inferno". O Daily Mail pergunta "Como pode um barco que transportava cianeto de sódio colidir contra um petroleiro cheio de querosene para o Exército americano em plena luz do dia?".

O ministro britânico da Habitação, Matthew Pennycook, disse nesta terça à Times Radio que as autoridades americanas e portuguesas estavam à frente da investigação, já que as embarcações navegavam sob a bandeira desses dois países.

Um porta-voz de Downing Street disse que a situação ambiental era "extremamente preocupante".

Tom Webb, professor de Ecologia Marinha na Universidade de Sheffield, disse que a área onde ocorreu a colisão é conhecida por sua rica vida silvestre.

"A contaminação química resultante de incidentes desse tipo pode ter um impacto direto nas aves e também pode ter efeitos a longo prazo na cadeia alimentar marinha", explicou.

'Perigos tóxicos'
Moradores de Grimsby expressaram seus temores à AFP sobre os riscos ecológicos. "Não queremos que afete a vida silvestre", disse à AFP Laura Scrimshaw, de 47 anos. A ONG Greenpeace também alertou sobre os "múltiplos perigos tóxicos" do acidente "para a vida marinha".

O "Stena Immaculate" pertencia à empresa sueca Stena Bulk e, segundo o site Lloyd's List Intelligence, transportava 220.000 barris de querosene.

O petroleiro havia zarpado em 27 fevereiro do porto grego de Agioi Teodori, com destino a Killinghome, no norte da Inglaterra.

Um porta-voz militar americano informou que o petroleiro estava fretado "temporariamente pelo Military Sealift Command", um serviço das Forças Armadas que opera navios com tripulação civil para o Departamento de Defesa.

O porta-contêineres havia saído no início da segunda-feira do porto escocês de Grangemouth em direção à cidade holandesa de Roterdã.