Ataque israelense contra um hospital no sul da Faixa de GazaAFP
O porta-voz da organização de socorristas, Mahmud Bassal, anunciou um "balanço de 20 mortos, entre eles cinco jornalistas e um membro da Defesa Civil", após dois ataques contra o hospital Nasser em Khan Yunis, no sul da Faixa.
A emissora Al Jazeera (Catar) anunciou que Mohammad Salama, um de seus fotógrafos e cinegrafista, faleceu no local, duas semanas após as mortes de quatro repórteres e dois colaboradores da rede em um ataque direcionado às forças israelenses, que acusaram um deles de ser integrante ativo do movimento islâmico palestino Hamas.
A agência de notícias canadense-britânica Reuters informou que um dos jornalistas falecidos e um dos feridos integravam sua equipe.
“Estamos consternados com a morte do colaborador da Reuters Hussam al-Masri e pelos danos sofridos por outros de nossos colaboradores, Hatem Khaled, nos ataques israelenses contra o hospital Nasser de Gaza hoje”, declarou uma porta-voz da agência.
A agência americana Associated Press (AP) afirmou estar “chocada e triste” com a morte de Mariam Dagga, 33 anos, uma jornalista visual que colaborava com a empresa desde o início da guerra.
O Exército israelense informou que efetuou um "ataque na área do hospital Nasser" e acrescentou que "lamenta qualquer dano causado a pessoas não envolvidas e que não tem jornalistas como alvos".
Com as restrições impostas por Israel aos meios de comunicação em Gaza e as dificuldades de acesso ao território, a AFP não consegue verificar com fontes independentes os números e as missões da Defesa Civil ou do Exército israelense.
Quase 200 jornalistas mortos
Segundo um jornalista da AFP em Gaza, Moaz Abu Taha trabalhou para veículos de comunicação palestinos e internacionais.
Antes do anúncio das mortes na segunda, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) contabilizaram quase 200 profissionais da imprensa mortos desde o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
Bassal também relatou a morte de um trabalhador da área da saúde nos ataques desta segunda-feira.
Várias pessoas feridas, algumas cobertas de sangue, foram atendidas no hospital após os ataques, segundo um fotógrafo da AFP. O Hospital Nasser é um dos últimos centros de saúde que continua operando parcialmente na Faixa de Gaza.
Em todo o território palestino, a Defesa Civil contabilizou 27 mortos por disparos ou ataques do Exército israelense nesta segunda-feira.
A guerra em Gaza começou com o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.219 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais.
A intervenção israelense na Faixa de Gaza matou mais de 62.600 palestinos, a maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiável.
A Associação da Imprensa Estrangeira exigiu do Exército e do governo de Israel uma "explicação imediata" sobre os ataques e pediu "que cessem de uma vez por todas as suas abomináveis práticas de atacar jornalistas".
Com as restrições impostas por Israel aos veículos de comunicação em Gaza e as dificuldades de acesso ao território, a AFP não consegue verificar com fontes independentes os números e as missões da Defesa Civil ou do Exército israelense.
O brigadeiro-general Effie Defrin, porta-voz militar israelense, afirmou que o exército não tem civis como alvos e que iniciou uma investigação interna sobre os ataques. Ele acusou o Hamas de se esconder entre civis, mas não disse se Israel acreditava que havia militantes presentes durante os ataques ao hospital. "Lamentamos qualquer dano causado a indivíduos não envolvidos", disse ele.
A mídia israelense noticiou que tropas israelenses dispararam dois projéteis de artilharia contra o hospital, visando o que suspeitavam ser uma câmera de vigilância do Hamas instalada no telhado.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), juntamente com Reino Unido, França e outros países, condenou o ataque. Quando questionado sobre o ataque, o presidente dos EUA, Donald Trump, inicialmente disse que não tinha conhecimento dele, mas respondeu: "Não estou feliz com isso. Não quero ver isso".

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