Publicado 23/07/2021 03:00
Sufocado por pandemias de diversas naturezas, o povo brasileiro está vivendo dias de apreensão e sufoco. Justo neste momento, ainda sofre com reajustes abusivos em produtos de primeira necessidade, como o gás (doméstico e industrial) e os combustíveis. O preço da gasolina não pesa só para quem tem carro; também afeta quem anda de ônibus ou de trem. O óleo diesel caro aumenta o custo de transporte de
todas as mercadorias e bens. E a indústria também está pagando um preço alto nessa espiral de reajustes.
todas as mercadorias e bens. E a indústria também está pagando um preço alto nessa espiral de reajustes.
A discussão sobre a mudança no comando da Petrobras esfriou, por conta dos ventos que sopram fortes com os temas sanitários, políticos e econômicos, bem mais urgentes. Mas não pode sair da pauta. Nem deve. A empresa está aí, a elevação dos preços está aí, as reações de especialistas ou de palpiteiros estão aí e, de um jeito ou de outro, a sociedade continua sendo quem paga a conta.
Um discurso hoje bastante difundido, mas que necessita ser desfeito, é o de que os grandes vilões das recentes altas da gasolina e do diesel seriam os impostos. Balela. Fosse esse o caso, tal conjuntura adversa já estaria sendo enfrentada há muito mais tempo, já que a carga tributária sobre os combustíveis, para quem não sabe, sempre esteve no mesmo patamar que o atual. A solução do impasse requer uma análise técnica, mas também política.
A raiz do problema é a eterna briga entre os interesses dos acionistas e os dos demais atingidos pela administração da empresa. Os primeiros querem os maiores lucros possíveis no curto prazo, e aí deixam de lado questões como o emprego, os impactos ambientais e o desenvolvimento econômico e social do Brasil no longo prazo.
Eles querem repassar o preço de mercado, mesmo que os custos de produção representem valores muito inferiores! Para completar o afastamento dos princípios sociais da exploração econômica, ainda devemos nos perguntar como a Petrobrás vem considerando os interesses do estado do Rio de Janeiro, representado pelos seus trabalhadores, sua classe empresarial e sua sociedade civil. Há muito tempo tais interesses se encontram alijados dos centros decisórios da empresa. Tal condição é injustificável, quando sabemos que aqui é realizada mais de 70% da extração de petróleo e gás natural e estão localizadas quase
80% das reservas de tais recursos.
80% das reservas de tais recursos.
É hora de rever a política de fixação de preços que só interessa aos acionistas. Existem instrumentos de política econômica para equilibrar a política de preços. E é hora de reverter também a estrutura de gestão da empresa que, em razão do peso tão grande na economia fluminense, não pode virar as costas para o conjunto de fatores e recursos locais que dão suporte e asseguram o sucesso das atividades de
extração de petróleo e gás. Como explicar que a maior parte dos investimentos em pesquisas desenvolvidos pela empresa tem sido direcionada para universidades localizadas nos mais diversos estados brasileiros, em detrimento das nossas instituições superiores de ensino.
extração de petróleo e gás. Como explicar que a maior parte dos investimentos em pesquisas desenvolvidos pela empresa tem sido direcionada para universidades localizadas nos mais diversos estados brasileiros, em detrimento das nossas instituições superiores de ensino.
Preços justos, ligados aos custos reais, e não aos interesses dos acionistas, além do maior respeito aos interesses do estado do Rio de Janeiro, são metas que devem ser compartilhadas por todos os setores da sociedade fluminense.
*Pedro Gonçalves Diniz Filho é vice-presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual do RJ
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