Rio - Na noite desta quinta-feira, os caminhoneiros, em acordo com o governo federal, decidiram suspender, por pelo menos 15 dias, seu movimento de greve. No entanto, os líderes da categoria não asseguram que seus filiados voltarão ao trabalho nesta sexta-feira. Em 22 estados e no Distrito Federal, motoristas continuam parados. No Rio de Janeiro, diversas rodovias do estado continuam ocupadas.
O Sindestado-RJ (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência no Estado do Rio de Janeiro) informou que, até o momento, não tem notícia de nenhum posto que tenha recebido nova remessa de combustíveis.
Os cariocas sentem fortemente os impactos da paralisação: transportes, comércio e serviços públicos foram afetados. Confira os reflexos do movimento na cidade e no estado do Rio de Janeiro durante a paralisação.
TRANSPORTES PÚBLICOS:
- Ônibus: De acordo com o Rio Ônibus, a falta de óleo diesel fez com que apenas 47% da frota rodoviária circulasse na manhã desta sexta-feira. As empresas continuam sob risco de falta total de combustível. Os pontos de ônibus ficaram lotados, e passageiros chegaram a esperar duas horas pelos coletivos.
- BRT: No BRT Rio, cerca de 43% dos articulados estão circulando. Nos trechos da Avenida Cesário de Melo e entre Madureira - Galeão, os serviços permanecem interrompidos e as 40 estações, fechadas. Confira as linhas em funcionamento desde às 4h.
- Barcas: A falta de combustível também afeta a operação do transporte aquaviário. A CCR Barcas informou que nesta sexta-feira as viagens programadas para as 10h30 e 11h30, na linha Charitas - Praça XV e as viagens programadas para as 11h e 12h na linha Praça XV - Charitas não serão realizadas. No trajeto Cocotá - Praça XV, as viagens programadas para as 7h e 9h20 foram canceladas. No trecho Praça XV - Cocotá, as viagens de 17h30 e 19h50 não serão realizadas.
No final de semana, o trajeto entre o Rio de Janeiro e Niterói será interrompido. Diversos horários de embarque nas linhas Charitas - Praça XV; Cocotá - Praça XV e Paquetá - Praça XV também foram cancelados.
- Vans: Com poucos ônibus circulando devido à falta de combustível, motoristas de vans aproveitaram para elevar o preço da passagem de R$3,60 para R$5. Veículos que fazem os trajetos Pavuna-Bonsucesso, Iapi-Penha e Madureira-Centro adotaram a cobrança abusiva, que representa um aumento de 42,8%. Procurada, a Secretaria Municipal de Transportes disse que destacaria uma equipe para fiscalização da irregularidade, mas ainda não informou se essa equipe já foi deslocada.
- MetrôRio e SuperVia: a Secretaria Municipal de Transportes recomendou que a população dê prioridade aos meios de transporte de massa, que foram notificados da possibilidade de aumento da demanda. O MetrôRio funciona normalmente nesta sexta-feira. Já a SuperVia, a grade horária das extensões Guapimirim e Vila Inhomirim sofreu modificações. Algumas viagens foram canceladas para racionar o uso do óleo diesel utilizado pelas máquinas que atendem as linhas. Neste sábado e domingo, não haverá operação de trens nessas extensões.
AVIAÇÃO E AEROPORTOS:
A Infraero afirmou que atua para minimizar os problemas decorrentes da paralisação. Os aeroportos Rio Galeão e Santos Dumont ainda não foram afetados por falta de combustível. A recomendação é de que os passageiros cheguem mais cedo aos aeroportos, devido ao risco de manifestações. Os viajantes também devem acompanhar os status de seus vôos pela internet.
ALIMENTAÇÃO:
- Ceasa: Nesta sexta-feira, dos 600 caminhões que costumam chegar pela manhã, somente 34 chegaram na Ceasa. Vários caminhões de estados vizinhos não estão conseguindo chegar. Ainda não há informações se essa carga será entregue. Diante da falta de clientes e produtos, alguns funcionários que ainda não foram dispensados continuam vendendo o que resta em suas barracas, mas o movimento é muito fraco.
- Supermercados: A Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em nota, disse que os reflexos já são sentidos nos supermercados. As unidades estão tendo dificuldades para se reabastecer com produtos perecíveis. A Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj) disse que grandes redes de supermercados, com galpões próprios, terão mais facilidade; mas pequenos varejistas podem ter problemas. "A Asserj espera por soluções imediatas para que a população fluminense não sofra com a falta de produtos de necessidade básica", diz a instituição, em nota.
Em todo o Brasil, a rede de supermercados Carrefour estabeleceu um limite de aquisição de cinco unidades de um mesmo item por compra. Grandes redes, como Hortifruti e Extra colocaram placas com avisos sobre a dificuldade de reposição de determinados produtos. A Rede Mundial também disse estar tendo dificuldades na reposição de produtos frescos nas prateleiras.
SERVIÇOS PÚBLICOS:
- Comlurb: Em nota, a Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) disse que tem tido seu trabalho prejudicado e vem encontrando dificuldades para abastecer os caminhões. Além disso, quinze caminhões tiveram os vidros danificados devido a piquetes. "A prioridade é a coleta domiciliar, que está sendo feita normalmente", diz a nota da empresa. O lixo chega normalmente às cinco Centrais de Transferência de Resíduos, mas piquetes e bloqueios estão causando dificuldades no transporte dos caminhões até o Centro de Tratamento de Resíduos (CTR-Rio), em Seropédica, na Baixada Fluminense
- Cedae: A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) informou que os bloqueios de carretas nas estradas causam dificuldade de entrega de produtos químicos para o tratamento de água em estações. A empresa pede que a população economize água até que a entrega dos produtos seja normalizada.
- Light: A empresa de energia elétrica informou que vai restringir os serviços por conta da crise dos combustíveis. Apenas serviços essenciais e emergenciais devem ser prestados. O objetivo, segundo a empresa, é economizar o combustível dos veículos. O fornecimento de energia não deve ser afetado. Entre os serviços que deixarão de ser feitos estão os que são agendados, como instalações de relógios de luz e reparos na rede que não oferecem riscos. "A Light conta com a compreensão de todos os seus clientes", disse em nota.
- Correios: A empresa está aceitando postagem de encomendas Sedex convencional e PAC, mas foram acrescidos cinco dias úteis ao prazo de entrega. O aumento também vale para serviços internacionais, malotes, cartas, FAC, impressos, mala direta, e outros serviços. Em todo o país, não foram entregues 34% das encomendas e 27% das correspondências previstas ontem.
SEGURANÇA:
A Polícia Militar informou que o patrulhamento ostensivo funciona sem alterações até o momento e desmentiu o boato de falta de combustível para as viaturas. A Polícia Civil também disse que o abastecimento das viaturas encontra-se normal.
VALORES:
Os caixas eletrônicos também podem ficar desabastecidos de dinheiro durante a paralisação. Segundo o Sindiforte, dos empregados em Transportes de Valores, Carro-forte e Escolta Armada, os carros têm estoque até o próximo domingo. O abastecimento pode ser comprometido caso a greve dure até a segunda-feira. A empresa TecBan, responsável pelos caixas 24h, também afirmou que pode haver suspensão do abastecimento dos caixas eletrônicos.
SAÚDE E EDUCAÇÃO:
Escolas municipais e estaduais não foram afetadas pelo desabastecimento até o momento, segundo as Secretarias responsáveis. O mesmo vale para as unidades de saúde do município e do estado.
UNIVERSIDADES:
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) cancelaram as aulas desta quinta-feira. A Universidade Federal Fluminense (UFF) disse que está dando um tratamento diferenciado à condução das atividades acadêmicas e solicitou o reagendamento das avaliações, a suspensão do agendamento de avaliações e o abono de eventuais faltas dos estudantes. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a Universidade Veiga de Almeida, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e a Estácio de Sá funcionam normalmente.