Publicado 09/01/2020 14:36 | Atualizado 09/01/2020 14:46
Rio - O economista Eduardo Fauzi Richard Cerquise, de 41 anos, comemorou a decisão da Justiça do Rio que determinou a retirada do Especial de Natal do Porta dos Fundos "A Última Tentação de Cristo" da Netflix. A decisão foi dada nesta quarta-feira pelo desembargador da Sexta Câmara Cível do Rio Benedicto Abicair.
Fauzi é um dos suspeitos de ter participado do ataque com coquetéis molotov à sede da produtora, no Humaitá, na Zona Sul do Rio, na madrugada da véspera de Natal. Cinco dias depois, ele viajou para a Rússia, onde permanece desde então.
"Tremendo de frio de satisfação, de alegria, porque a Sexta Câmara Cível no Rio de Janeiro, se não me engano, mandou retirar, ainda que liminarmente, o especial blasfemo do Porta dos Fundos", Fauzi começou, em um vídeo gravado, na noite de ontem, em Moscou (assista mais abaixo). "Essa vitória é uma vitória de todo o povo brasileiro".
Além pedir que o vídeo saia do streamming, a Justiça proibiu que sejam divulgados trailers, making of, propagandas ou qualquer alusão publicitária ao filme. Em caso de descumprimento, tanto a Netflix quanto o Porta dos Fundos terão que pagar multa diária de R$ 150 mil.
O desembargador atendeu a um pedido da Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura, um grupo católico do Rio. Inicialmente, a entidade propôs uma ação civil pública pedindo para que o vídeo fosse retirado do ar, o que foi negado em primeira instância.
"Parabéns à Justiça brasileira, parabéns ao povo brasileiro, ao Centro Dom Bosco, todo mundo que rezou, que militou, que batalhou", Fauzi comemorou. "A luta continua, mas a vitória é nossa. Deus, pátria e família. Muto feliz, muito feliz...".
OAB SE MANIFESTA
Na decisão desta quarta, a Justiçado Rio entendeu que "a honra e a dignidade de milhões de católicos foi gravemente vilipendiada pelos réus, já que o Especial de Natal mostra Jesus como homossexual, Maria uma adultera desbocada e José como um idiota traído".
O desembargador defendeu que o teor do filme afronta princípios assegurados constitucionalmente, como o da dignidade da pessoa humana, o da liberdade religiosa e o do respeito aos princípios éticos e sociais da pessoa e da família.
Ainda nesta quarta, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, divulgou um comunicado criticando a decisão da Justiça do Rio. Para ele, "a Constituição brasileira garante, entre os direitos e garantias fundamentais, que 'é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença'".
"Qualquer forma de censura ou ameaça a essa liberdade duramente conquistada significa retrocesso e não pode ser aceita pela sociedade", Santa Cruz continuou.
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