Rio - A modelo trans agredida brutalmente no último fim de semana em seu próprio apartamento, em Copacabana, está em Santa Catarina para iniciar o tratamento de reconstrução do rosto. Alice Felis, de 25 anos, chegou a Blumenau na noite desta quinta-feira e será atendida em um centro especializado em pessoas transgêneros.

O tratamento na cidade catarinense foi oferecido por um médico e odontologista que se sensibilizou com o caso da modelo.

"Nesse primeiro momento, ela vai fazer os exames mais avançados, porque aqui no Rio ela passou por atendimento na rede publica, fazendo exame mais superficial", conta a advogada da modelo, Fêh Oliveira.

A advogada teve ainda que desmentir um boato de que Alice estava viajando para Santa Catarina para deixar o Rio. A modelo é de Vitória, no Espírito Santo, e mora na capital fluminense há cinco anos. Ela volta à cidade na semana que vem.

"Ainda estamos na fase do inquérito policial. O processo penal em si mal começou. A Alice ainda tem alguns atos para praticar no âmbito desse inquérito. Só em relação a IML, a exames de corpo de delito, ela precisa retornar lá mais duas vezes por causa da gravidade das agressões", explica a advogada.

Alice foi espancada por Lucas Brito Marques, 24, depois de conhecê-lo em um bar próximo de seu apartamento. Ela teve o maxilar, o nariz e cinco dentes quebrados. Além das fraturas, a jovem ficou com vários hematomas espalhados pelo corpo, principalmente no rosto.

Lucas se entregou à polícia na madrugada ontem, em um dos acessos ao Morro Pavão-Pavãozinho, depois de uma negociação da polícia com sua família. Pela manhã, a modelo foi até a 13ª DP (Ipanema), responsável pelo caso, reconhecê-lo pessoalmente. Ela disse que ficou em "choque" ao revê-lo.

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De acordo com a polícia, o agressor tem cerca de 20 anotações criminais, a maioria delas registradas ainda quando ele era menor de idade. O homem, inclusive, chegou a ser preso diversas vezes de 2016 a 2019, mas sempre ganhou a liberdade. Por causa das agressões em Alice, ele vai responder por tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte)

Veja algumas anotações criminais de Lucas:

. 3 homicídios (dois tentando e um consumado)

. 3 por associação para o tráfico

. 4 por tráfico de drogas

. 1 furto

. 1 porte de arma de fogo

. 3 roubos

Alice foi convidada para ser a madrinha do Instituto de Combate à LBGTfobia na Internet. Ela vai usar seu caso para ajudar pessoas LGBTQIA+ vítimas de violência virtual.

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Como uma de suas primeiras ações para o instituto, a capixaba vai doar o excedente da vaquinha que fez ajudar a reconstruir sua vida. A meta da arrecadação é de R$ 140 mil. Até o momento, já foram obtidos mais de R$ 166 mil, com cerca de 3,4 mil apoiadores.