Publicado 22/12/2020 06:12
Rio - O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), foi preso na manhã desta terça-feira (22). Agentes da Polícia Civil e do Ministério Público (MPRJ) estiveram na residência do político no condomínio Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Seis mandados de prisão foram cumpridos e um continua em aberto, porque o alvo não foi encontrado em sua residência.
Crivella foi preso em operação do MPRJ e da Polícia Civil, em um desdobramento da investigação do suposto "QG da Propina" na Prefeitura do Rio. Ele é apontado como líder da organização criminosa. Além do prefeito, foram presos o empresário Rafael Alves, homem forte de Crivella e apontado como operador do esquema, o delegado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro de Crivella Mauro Macedo e os empresários Adenor Gonçalves e Cristiano Stockler, da área de seguros.
O delegado Fernando Moraes foi citado em uma conversa entre o ex-senador Eduardo Lopes e o empresário Rafael Alves. O ex-senador Eduardo Lopes também é alvo da ação, mas não foi encontrado em sua residência no Rio de Janeiro. Ele mora em Belém, no Pará.
Quatro dos seis presos foram levados para a Delegacia Fazendária, na Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte do Rio, exceto o delegado Fernando Moraes e o empresário Adenor Gonçalves, que foram levados para a sede da Polinter porque estão com sintomas de covid-19.
Ao chegar à Cidade da Polícia, Crivella disse que é vítima de uma "perseguição política" e pediu "justiça". "É perseguição política. Lutei contra o pedágio ilegal, injusto. Tirei recurso do carnaval, negociei o VLT. Fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro", disse. Questionado sobre qual sua expectativa agora, o prefeito respondeu que espera justiça.
Os demais presos não deram declarações ao chegarem à Cidade da Polícia. Um mandado de busca e operação está sendo cumprido em Angra dos Reis. Os investigadores buscam uma lancha de 77 pés que pertence ao empresário Rafael Alves.
A decisão que levou às prisões é da desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita. Os mandados foram cumpridos pela Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (CIAF) da Polícia Civil e do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim), do Ministério Público do Rio.
"O Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ) confirma que realizou operação na manhã desta terça-feira, em conjunto com a polícia civil, para cumprir mandados de prisão contra integrantes de um esquema ilegal que atuava na Prefeitura do Rio. Em razão do sigilo decretado pela Justiça, não podem ser fornecidas outras informações", informou o MPRJ por meio de nota.
Investigação começou com delação premiada de doleiro
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense, realizada em maio de 2018. Veio dele a expressão QG da Propina para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial. Ele é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves, exonerado do cargo em março de 2020 a pedido dele próprio.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento. As propinas seriam negociadas em uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sede da Riotur.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento. As propinas seriam negociadas em uma sala na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, sede da Riotur.
Investigação de promotores do Gaocrim (Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça) aponta que Alves, que não possui cargo na administração municipal, exigia que fosse consultado antes de mudanças de cargos. A influência dele também poderia ser vista em licitações e pagamentos a fornecedores.
Crivella foi alvo de operação em setembro
No dia 10 de setembro de 2020, a Polícia Civil e o Ministério Público estadual (MPRJ) fizeram uma operação contra irregularidades em contratos firmados com a Prefeitura do Rio. Na ocasião, foram 22 mandados de busca e apreensão, cumpridos em endereços ligados ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), servidores, empresários e à administração municipal. Um dos celulares e um pendrive de Crivella foram apreendidos naquele dia.
Os mandados para a ação foram autorizados pelo 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Dentre os endereços alvos, estavam a residência de Crivella, na Península, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, o Palácio da Cidade, residencial oficial da prefeitura, em Botafogo, na Zona Sul, e o Centro Administrativo São Sebastião, sede do Executivo Municipal, na Cidade Nova.
Leia mais
Comentários