Crivella é alvo de operação contra esquema de corrupção na Prefeitura do Rio
Foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, em endereços ligados ao prefeito, servidores, empresários e à administração municipal. Prefeito do Rio teve celular apreendido na ação
Por RAI AQUINO*
Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público estadual (MPRJ) fizeram, nesta quinta-feira, uma operação contra irregularidades em contratos firmados com a Prefeitura do Rio. Foram 22 mandados de busca e apreensão, cumpridos em endereços ligados ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), servidores, empresários e à administração municipal. Um dos celulares e um pendrive de Crivella foram apreendidos.
Os mandados para a ação foram autorizados pelo 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). Dentre os endereços alvos, estavam a residência de Crivella, na Península, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, o Palácio da Cidade, residencial oficial da prefeitura, em Botafogo, na Zona Sul, e o Centro Administrativo São Sebastião, sede do Executivo Municipal, na Cidade Nova.
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Galeria de Fotos
Prédio onde mora o prefeito, na Península, na Barra
Estefan Radovicz / Agência O Dia
Crivella e Eduardo Lopes, nas eleições de 2016
Divulgação / Republicanos
Da esquerda para a direita, Eduardo Lopes, Rafael Alves e Crivella, em evento do Republicanos
Divulgação / Republicanos
Mauro Macedo
Arquivo Pessoal
Agentes cumprem mandados na sede administrativa da prefeitura
Aline Cavalcante / Agência O DIA
Os agentes também foram a endereços residenciais e funcionais de agentes públicos municipais e empresários em Jacarepaguá, Flamengo, Tijuca, Itaipava, na Região Serrana, e em Nilópolis, na Baixada Fluminense.
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Dentre os alvos dos mandados estão:
. Marcelo Crivella: prefeito
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. Eduardo Lopes: secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento no governo Witzel; ex-ministro da Pesca na gestão de Dilma Roussef; e suplente de Crivella no Senado
. Mauro Macedo: ex-tesoureiro de antigas campanhas de Crivella para o Senado (2004) e para a prefeitura (2014)
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. Rafael Alves: empresário, irmão do ex-presidente da Riotur Marcelo Alves
Durante o cumprimento dos mandados, Crivella postou a seguinte mensagem em seu perfil no Facebook: "Bom dia! Uma ótima quinta-feira a todos". Ele ainda não se manifestou sobre a operação.
A ação é um desdobramento da Operação Hades, deflagrada no dia 10 de março deste ano, que investiga a existência de uma possível organização criminosa e esquema de corrupção na prefeitura. Na ocasião, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão na sede da Riotur, na Cidade da Música, na Barra; Jacarepaguá; Copacabana; e em Angra dos Reis, na Região da Costa Verde.
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Dentre outros locais, os agentes estiveram em endereços ligados ao então presidente da Riotur, Marcelo Alves, na Barra, e Rafael Alves. Marcelo foi exonerado do cargo logo depois da ação.
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense, realizada em maio de 2018. Veio dele a expressão QG da Propina para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento.
A ação de hoje é feita pelo Subprocuradoria-Geral de Assuntos Criminais (Subcriminal) e do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim) do Ministério Público e da Coordenadoria de Investigações de Agentes com Foro da Polícia Civil.
“Semana passada, o meu advogado, o Dr. Alberto Sampaio, esteve com o sub-procurador do Ministério Público Estadual, o Dr. Ricardo Martins, colocando à disposição os meus sigilos bancário, telefônico e fiscal por conta de denúncias publicadas na imprensa. Portanto, foi estranha a operação realizada hoje na minha casa, considerando ainda que estamos em período eleitoral. No entanto, quero registrar que vi respeito e integridade no procurador, no delegado e no oficial de justiça", disse Crivella.
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"A ação durou cerca de uma hora e nada foi encontrado. Considero essa ação injustificada, já que sequer existe denúncia formal e eu não sou réu nesta ou em qualquer outra ação", completou o prefeito.