03/01/2018 - Carnaval 2018 / Preparativos no barracão da Portela, na Cidade do Samba, para sua participação no desfile das escolas de samba do Grupo Especial, no Sambódromo. Na imagem, o trabalho realizado no barracão da agremiação. Foto de Alexandre Brum / Agência O Dia - CIDADE SAMBA DESFILE CARNAVAL MARQUES DE SAPUCAîAlexandre Brum / Agencia O Dia
Por MARTHA IMENES
Publicado 08/02/2021 00:00 | Atualizado 11/02/2021 13:55

O fim do auxílio emergencial do governo federal, as dificuldades para o acesso aos recursos da Lei Aldir Blanc, e a pandemia de coronavírus, que mostra números alarmantes de contágio e mortes no Rio de Janeiro e que provocou o adiamento do Carnaval carioca, atingiu em cheio os trabalhadores dessa grande indústria, que 2020 injetou R$ 4 bilhões na cidade. São mulheres, LGBTQI , homens, um universo de pessoas que trabalham nas escolas de samba e estão enfrentando dificuldades financeiras. Mas, segundo Nilcemar Nogueira, fundadora e diretora do Museu do Samba, na Mangueira, esse desfecho poderia ser diferente.

Em conversa com O DIA, a neta de nada mais nada menos que o mestre Cartola e Dona. Zica, chama atenção para a falta de reconhecimento destes trabalhadores como categoria profissional. "Em um momento como esse se os trabalhadores tivessem carteira de trabalho assinada, com o adiamento do Carnaval, que paralisou todas as atividades nas escolas de samba e nos barracões, eles receberiam o seguro-desemprego por alguns meses", avalia Nilcemar.

A falta de um cadastro dos trabalhadores das escolas de samba também é apontada por Nilcemar como impeditivo para que eles possam pleitear algum benefício. "As relações trabalhistas nas escolas de samba são praticamente inexistentes", conta. Ela explica que além dos trabalhadores das escolas, os prestadores de serviços indiretos, também foram prejudicados. "O estúdio de gravação em Marechal (Hermes) onde o pessoal vai gravar os sambas, os que montam palco, iluminação, som, e até as pessoas que vendem cachorro quente na porta das quadras sentem o impacto do adiamento do Carnaval".

"É preciso abrir o diálogo com essa cadeia produtiva para que essas e outras questões sejam resolvidas. Como por exemplo, reunir as categorias dentro da própria escola para que se organizem e criem uma associação que os represente", pontua. "Lutamos para conseguir o reconhecimento de passistas, mestres-sala e porta-bandeiras, além de outros trabalhadores do mundo do samba, como categoria profissional", acrescenta.

Nilcemar conta que é muito comum em apresentações culturais e artísticas, os trabalhadores do samba terem cachê menor que os outros que fazem parte do show porque não têm uma associação que regulamente o seu trabalho. "Tudo poderia ser melhor potencializado", diz.

 

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