Publicado 22/02/2021 13:00
Rio - A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), suspeita que pode haver outras irregularidades no Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), localizado em Niterói, após lista de vacinados apresentar muitos "acadêmicos de medicina". A unidade de saúde, gerida pela Organização Social (OS) Instituto Sócrates Guanaes, é investigada por furar fila na campanha de imunização contra a Covid-19.
"Tem uma quantidade muito grande de acadêmicos de medicina na lista de vacinados, que será confrontada com a efetiva lista de acadêmicos daquela unidade. Se for encontrada mais alguma irregularidade, a investigação vai ser desmembrada", afirmou o delegado Thales Nogueira, ao RJTV, da TV Globo.
A especializada cumpriu, nesta segunda-feira, mandados de busca e apreensão contra suspeitos de furar a fila da vacina da Covid-19 em Niterói. Segundo denúncias do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren/RJ), dois enteados, de 16 e 20 anos, de um diretor da Organização Social haviam tomado a vacina sem ser do grupo prioritário.
"Na casa dos jovens foi apreendido o cartão de vacinação que demonstra que eles tomaram a primeira dose", disse delegado.
Na última semana, foram realizadas diligências no local e foram encontradas diversas rasuras e vulnerabilidades na lista de vacinados, inclusive o nome do enteado do diretor de 16 anos como "acadêmico de medicina".
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que o diretor técnico e a coordenadora de desospitalização do hospital foram afastados de suas atividades para ampla investigação interna da denúncia.
De acordo com a Civil, todos os envolvidos foram intimados a prestar depoimento para explicar por que eles tomaram essas doses.
Se for comprovado que os pais dos jovens, que são os diretores do hospital, fraudaram as filas, eles podem responder por peculato, que prevê até 12 anos de prisão, e infração de medida sanitária, um ano de prisão.
O Instituto Sócrates Guanaes (ISG) se posicionou diante das denúncias. "O (ISG) atualmente é gestor de nove unidades assistenciais no Brasil, nos estados de Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. Todas as unidades receberam doses da vacina para imunização dos colaboradores, seguindo à risca as determinações do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais. Fomos surpreendidos pelas denúncias referentes ao Hospital Estadual Azevedo Lima relativas à iniciativa isolada de um dos diretores desta unidade. O diretor envolvido no caso já foi afastado para ampla investigação interna da denúncia nos termos do Código de Conduta Ética e Política de conformidade do ISG. A entidade não compactua e não admite nenhum desvio de conduta de seus colaboradores e todas as medidas serão tomadas para apuração dos fatos e punição dos envolvidos".
Inspeção do Coren
O Coren-RJ fiscalizou, nos dias 18 e 19 de fevereiro, o HEAL, a fim de apurar as denúncias. Segundo o conselho, após enfrentar resistência para conseguir a listagem dos imunizados, foram encontrados nomes em duplicidade na listagem com dados dos profissionais que trabalham no hospital para serem vacinados e ausência de assinaturas comprovando o recebimento das pessoas imunizadas. No verso das folhas das referidas listagens, foram manuscritos nomes, com assinaturas, porém, sem o número do CPF - que é obrigatório.
O Coren afirmou que "em face da gravidade, a situação foi reportada à Polícia Civil, à Fundação Municipal de Saúde de Niterói, à Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Metropolitana 2 e à Secretaria Estadual de Saúde para ciência dos fatos e tomada de providências cabíveis".
O Coren afirmou que "em face da gravidade, a situação foi reportada à Polícia Civil, à Fundação Municipal de Saúde de Niterói, à Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Metropolitana 2 e à Secretaria Estadual de Saúde para ciência dos fatos e tomada de providências cabíveis".
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