SuperVia Estefan Radovicz
Por O Dia
Publicado 15/03/2021 07:45
Rio - Após um ano desde que foi oficialmente decretada a pandemia do novo coronavírus no Brasil, a SuperVia informou que o aumento da violência e a degradação social ao longo do sistema ferroviário têm gerado forte impacto na operação. Em 2021, já foram registrados 5 casos de tiroteios que prejudicaram a operação por 11 horas e 18 minutos. Durante todo o ano de 2020, foram contabilizados 36 casos de tiroteios nas proximidades da linha férrea que afetaram a circulação dos trens por 40 horas e 24 minutos.
Segundo a concessionária, isso ocorre principalmente com relação aos casos de furtos de cabos e equipamentos de transmissão da rede elétrica, tiroteios e vandalismos, que paralisam ou atrasam as viagens.
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A última grande paralisação de parte do sistema em função de tiroteios ocorreu no início de março, na estação de Vigário Geral, quando a circulação ficou prejudicada durante 5h35, colocando em risco a vida de passageiros e colaboradores da empresa. Neste dia, a concessionária deixou de transportar 18 mil passageiros em função da paralisação.
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Em casos de tiroteios, os trens podem aguardar ordem de circulação em estações seguras ou a circulação do ramal pode ser parcial ou totalmente suspensa. Essa é uma medida de segurança adotada pela SuperVia para preservar a integridade física dos clientes e colaboradores. Quando o tiroteio cessa, a concessionária realiza vistorias em cabos da rede aérea para garantir a retomada da operação em condições adequadas.
Além disso, a SuperVia acumula uma perda financeira de mais de R$ 452 milhões, resultado da redução de mais de 83 milhões de passageiros no período.
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Atualmente, a SuperVia transporta cerca de 320 mil clientes por dia, pouco mais da metade do que era registrado antes da pandemia. A expectativa da concessionária é que o movimento de passageiros volte ao normal apenas em 2023, em função do prolongamento da crise econômica e da pandemia.
A concessionária, assim como os demais modais de transporte do Rio de Janeiro, depende basicamente da venda das passagens para manter a operação dos trens e não conta com qualquer subsídio do governo. Mesmo com a baixa demanda de passageiros, a empresa tem gastos fixos para seguir com a operação, a manutenção de trens, estações e da estrutura ferroviária.
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Além disso, a concessionária assumiu custos adicionais com uma limpeza especial de trens e estações para contribuir com a prevenção do coronavírus: até agora, já foram usados mais de 198 mil litros de peróxido de hidrogênio na limpeza de trens e catracas, e foram disponibilizados mais de 45 mil litros de álcool gel 70% em dispensers e totens nas estações, desde o início da pandemia. Até o momento, o custo total com essas ações ultrapassou R$ 3,5 milhões.
“Estamos conseguindo manter a operação dos trens, mesmo com esse prolongado período de baixa demanda, mas a crise financeira pode levar a uma degradação do serviço”, explica Antonio Carlos Sanches, presidente da SuperVia. A concessionária defende que, a partir dessa crise, seja feita uma profunda reestruturação do transporte de passageiros, com a criação de uma Autoridade Metropolitana, para organizar o sistema e garantir maior racionalidade para o cliente e saúde financeira para as empresas.
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Impactos da violência na operação
 
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Furtos de cabos
Em 2021, até fevereiro, já foram contabilizados 47 furtos, o que representa aumento de 76% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano de 2020, foram registrados 136 furtos de cabos de sinalização e de energia, totalizando 7.474 metros de fios, o equivalente a mais de dez vezes a extensão da Marquês de Sapucaí.
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A retirada dos cabos prejudica a sinalização automática, e os trens precisam aguardar ordem de circulação durante as viagens. O interesse por esse material se deve à sua composição de cobre, que é facilmente vendido em ferros-velhos, distribuídos por todo o Estado.
A SuperVia lembra que, de acordo com o contrato de concessão, a segurança pública dentro do sistema ferroviário é de responsabilidade do Governo do Estado, que atua por meio do Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer). Os agentes de controle da concessionária são treinados para realizar rondas em ações preventivas e para acionar os órgãos competentes sempre que necessário, mas eles não têm poder de polícia.
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