Publicado 29/03/2021 06:00
Rio - A venda de produtos falsificados se tornou uma das táticas de milicianos do Rio de Janeiro para conseguir aumentar seus lucros, segundo a Polícia Civil. Com uma incontável diversidade de mercadorias, os paramilitares conseguem, com facilidade, atrair uma grande quantidade de consumidores em potencial. Prova disso, é um levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ), que revelou que 78% da população fluminense - quase oito em cada dez pessoas - admite já ter comprado algum produto pirata na vida.
Para tentar combater esse braço financeiro das organizações criminosas, a Polícia Civil criou uma força-tarefa, em outubro de 2020. Uma das delegacias que integram este trabalho é a de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), que tem como uma de suas atribuições a repressão à pirataria.
De março de 2018 até agora, a especializada já realizou a apreensão de 16,9 milhões de produtos (16.904.635). Em média, são quase 470 mil mercadorias falsificadas apreendidas, por mês, segundo levantamento da DRCPIM. O número é bem maior do que o dos anos anteriores, quando foram apreendidos 1,4 milhões (1.439.547) entre agosto de 2014 e novembro de 2016, e 219 mil (219.428) entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2018.
Segundo a Polícia Civil, o crescimento desse comércio pirata pode estar relacionado à entrada dos grupos de milícia neste ramo, que se tornou uma das atividades mais lucrativas da organização criminosa.
"Em quase quatro anos à frente da DRCPIM, foi visível o avanço de grupos milicianos na tentativa de tomar o atacado do comércio de produtos falsificados no Rio de Janeiro", explica o delegado Maurício Demétrio, titular da especializada.
Há pouco mais de duas semanas, a operação 'Raposa no Galinheiro' teve como alvo o delegado Marcelo Machado, adjunto da 38ª DP (Vista Alegre). Ele foi preso por suspeita de comandar uma confecção de produtos piratas.
Na ocasião, Demétrio classificou como "assustadora" a presença de um colega num esquema de pirataria. Mais ainda pela audácia: investigações apontam que, enquanto o Machado esteve na Corregedoria da Polícia Civil, ele mesmo montou uma empresa de confecção de roupas piratas. Na época, o delegado investigava justamente a Delegacia de Combate à Pirataria.
Oito em cada dez fluminenses já compraram produto pirata, segundo Fecomércio
Um levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ) revela que quase 80% da população fluminense admite já ter comprado algum produto pirata na vida (77,9%). Porém, esse consumo apresentou uma expressiva queda em 2020 diante das restrições impostas pela pandemia. O percentual de entrevistados que afirmaram ter comprado algum produto falso nos últimos 12 meses caiu pela metade na comparação com o ano anterior: 9,2% ante 19.6%.
Segundo o levantamento, realizado entre 25 e 27 de novembro, as medidas adotadas para a contenção da pandemia impactaram diretamente o comportamento dos consumidores. Com a restrição da circulação de pessoas, o fechamento das fronteiras do país e o funcionamento parcial do comércio, a facilidade para encontrar itens ilegais caiu significativamente. Enquanto em 2019 37% dos entrevistados dizia que comprava os produtos ilegais porque eles eram fáceis de encontrar, em 2020, esse percentual despencou para 6,5%. Já em 2019, a pesquisa mostrava que o comércio de rua havia sido a principal forma de aquisição dos produtos piratas.
Segundo o levantamento, realizado entre 25 e 27 de novembro, as medidas adotadas para a contenção da pandemia impactaram diretamente o comportamento dos consumidores. Com a restrição da circulação de pessoas, o fechamento das fronteiras do país e o funcionamento parcial do comércio, a facilidade para encontrar itens ilegais caiu significativamente. Enquanto em 2019 37% dos entrevistados dizia que comprava os produtos ilegais porque eles eram fáceis de encontrar, em 2020, esse percentual despencou para 6,5%. Já em 2019, a pesquisa mostrava que o comércio de rua havia sido a principal forma de aquisição dos produtos piratas.
Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade, considera o dado ainda preocupante. “A queda está muito relacionada a um fator atípico e pontual, que foi a pandemia. É importante que sejam tomadas medidas que diminuam a demanda e a oferta do produto ilegal, tornando-o menos atrativo para o consumidor, além de uma real conscientização e uma mudança efetiva de comportamento da sociedade que aceita o produto ilegal, seja ele pirata, falsificado ou contrabandeado”, aponta.
Leia mais