Delegada Bárbara Lomba Bueno presta depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, como testemunha no processo contra FlordelisReprodução
Por O Dia
Publicado 13/04/2021 12:17
Rio - A primeira delegada a investigar o assassinato de Anderson do Carmo, marido da deputada Flordelis (PSD-RJ), Bárbara Lomba, disse nesta terça-feira que nada aconteceria na casa do casal sem o aval da parlamenter. Lomba deu sequência a um depoimento à Comissão de Ética da Câmara que havia iniciado no último dia 30.
A oitiva da delegada durou cerca de duas horas. Também foi ouvido Luiz Carlos Leal Prestes Júnior, perito do Ministério Público do Rio de Janeiro. Os advogados de Flordelis, Anderson Rollemberg e Janira Rocha, dirigiram perguntas às testemunhas. Janira é ex-deputada estadual do Psol e é acusada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) de ter realizado "rachadinha" em seu gabinete, adquirindo parte do salário de assessores. O processo contra a advogada corre na Justiça do Rio.
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Durante o depoimento, a delegada disse que investigou as relações de todos os envolvidos no crime com Flordelis. Bárbara Lomba afirmou que a partir da investigação ficou claro que a deputada não só estava ciente da ação criminosa, mas que também estava envolvida.
"Até a altura em que nós investigamos, eu posso afirmar que as pessoas envolvidas – assim, de novo, as pessoas em cujos telefones, em cujos depoimentos, é, nós comprovamos que estavam diretamente envolvidas – todas são absolutamente vinculadas à deputada Flordelis. E de outra parte, por isso nós tivemos o cuidado de investigar também como funcionavam as relações ali, naquele grupo, nós conseguimos saber com clareza, isso não tem dúvida, que nada aconteceria dentro daquela casa e como aconteceu sem o aval final da deputada”, afirmou a delegada Bárbara Lomba.
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"Até onde investiguei, continuaria considerando a deputada investigada. Com tudo que apuramos: influência que exercia com as pessoas cujo o envolvimento foi comprovado na execução e planejamento do crime. Essas pessoas são diretamente ligadas e influenciadas pela deputada Flordelis", reforçou. Bárbara Lomba foi substituída nas investigações pelo delegado Allan Duarte Lacerda em janeiro de 2020.
Durante o interrogatório, a advogada de Flordelis, Janira Rocha, questionou o porquê de a delegada ter privilegiado a narrativa de que Flordelis estaria envolvida no assassinato em detrimento do envolvimento do "núcleo financeiro” da família liderado pelo filho afetivo Misael, que, segundo a defesa, poderia ter o interesse de criminalizar a deputada. Lomba ressaltou que Flordelis foi a primeira testemunha a ser ouvida após o assassinato e que alegou à imprensa, em um primeiro momento, que o pastor Anderson teria sido vítima de latrocínio, sem mencionar suspeitas ou desavenças familiares.
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"Não houve estratégia nenhuma de escolher grupos a serem investigados. Para a imprensa, a primeira declaração (de Flordelis) era de que se tratava de um latrocínio. À polícia, embora não tenha havido essa afirmação, não houve nenhum tipo de referência por parte da deputada, por exemplo, ao conhecimento de um plano de alguém para matar a vítima ou algum problema dentro da família", respondeu a delegada.
Questionada se Flordelis não poderia ter sustentado essa versão para proteger os filhos, a delegada disse que não cabia a ela conjecturar. O presidente da sessão, Alexandre Leite (DEM-SP), interveio e disse que a testemunha não precisava responder o que achava, mas relatar os fatos.
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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados ouviu nesta terça-feira (13) testemunhas no processo contra a deputada Flordelis (PSD-RJ). Ela é acusada pelo Ministério Público de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, em Niterói (RJ), e responde processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho.
Foram convidadas as seguintes testemunhas, arroladas pelo relator do processo, deputado Alexandre Leite (DEM-SP): Bárbara Lomba Bueno (continuação da oitiva iniciada em 30/03/21), primeira delegada responsável pelas investigações do caso e Luiz Carlos Leal Prestes Júnior, perito do Ministério Público do Rio de Janeiro.
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A decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) de fevereiro deste ano de que Flordelis fosse afastada do mandato ainda não foi analisada pelo Plenário da Câmara dos Deputados. A parlamentar usa tornozeleira eletrônica desde 8 de outubro de 2020.
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