Publicado 26/04/2021 10:25 | Atualizado 26/04/2021 12:45
Rio - A mãe do menino Henry Borel, Monique Medeiros, escreveu uma carta de 29 páginas entre quinta e sexta-feira (23) no Hospital Penitenciário em que está internada por covid-19 em que muda sua versão sobre a morte do filho de 4 anos no dia 8 de março. Monique afirma que era ameaçada por Jairinho e que foi medicada por ele com remédios para dormir na madrugada em que o filho foi morto. A carta, que O Dia teve acesso, foi revelada pelo programa "Fantástico" da TV Globo e "Domingo Espetacular", da Record TV.
Para a Polícia Civil a carta de Monique nada muda no inquérito do caso que está previsto para ser encerrado nesta semana.
Monique conta que o casal assistia uma série e que foi dormir por volta de 1h30. Jairinho lhe deu dois remédios para que supostamente dormisse melhor. Mais tarde, ela foi acordada pelo namorado porque Henry estaria respirando mal. Ela conta que o encontrou descoberto, com a boca aberta e olhos "olhando para o nada". Ela diz que notou que mãos e pés estavam gelados e que correram para a emergência de um hospital, mas que não pensava que carregava o filho morto nos braços.
No primeiro depoimento, no entanto, Monique negou que tivesse tomado remédios para dormir na noite do crime. Ela disse à polícia que ela que havia acordado primeiro naquela madrugada por conta da TV ligada e que Jairinho estaria dormindo ao seu lado. Ela que teria encontrado o filho caído no chão do quarto com olhos revirados e mãos e pés frios e gritado por Jairinho, na primeira versão da professora à polícia.
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Os advogados de Monique defendem que ela não teve condições de contar a verdade porque era ameaçada e temia por sua família. Na carta, a professora diz que foi treinada por dias para mentir e proteger Jairinho. O namorado dizia que ela não teria condição de contratar advogado e que eles iriam sair juntos da situação, sempre na intenção de protegê-lo, segundo a nova defesa da mãe de Henry.
No texto, Monique relata episódios de agressões e ciúmes por parte de Jairinho. Ela conta que o vereador designou gente para segui-la e tirar fotos suas na academia para verificar as roupas que estava usando.
A professora conta de uma vez que Jairinho invadiu sua casa em Bangu, Zona Oeste do Rio. Ela estava dormindo com Henry quando foi acordada por Jairinho a enforcando. Monique relata que o namorado jogou o celular contra ela e a ofendeu. Ele teria lido mensagens do celular de Monique com o ex-marido. No dia seguinte, Jairinho pediu desculpas e disse que a amava muito, diz o texto.
A professora afirma que aturava "desaforos" do namorado porque acreditava que estaria proporcionando uma vida melhor para Henry. O casal foi morar no apartamento na Barra em janeiro.
Monique relata na carta que o filho lhe disse uma vez que o "tio" (Jairinho) havia lhe dado uma banda. Na época, ela pediu explicações ao namorado, que lhe disse que se tratava de uma brincadeira e disse que o menino era um bobalhão. Ela conta que pediu que Jairinho pedisse desculpas a Henry e que não lhe chamasse mais de bobalhão. Na carta, monique diz que considerou o episódio uma brincadeira de menino que o filho não estava acostumado.
Em depoimento à polícia, no entanto, Monique afirmou não acreditar que Jairinho tivesse feito qualquer coisa contra seu filho, que a relação entre eles era boa e que o namorado sempre tentava cativar o amor de Henry.
Em outro trecho, Monique conta que flagrou Jairinho macerando comprimido de remédio em sua taça. Questionado, ele disse que fazia aquilo para Monique dormir melhor. Ela saiu correndo para o quarto, relata, e ele a segurou pelos braços e jogava com força contra a cama. Seus braços ficaram roxos. Ao pedir para que ele a deixasse ir para a casa dos pais, Jairinho teria dado com o joelho contra a parede e responsabilizou Monique.
A professora conta que passou a ter picos de pressão e crises de ansiedade e que Jairinho passou a lhe receitar ansiolíticos e remédio para dormir.
Monique conta ainda que chegou a contar a familiares sobre suspeitas de que Henry havia sofrido agressões, mas que não tinha certeza porque o menino não apresentava "marquinhas".
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