Operação da Polícia Civil no Jacarezinho Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Por O Dia
Publicado 06/05/2021 12:03
Rio - O número de mortos na operação no Jacarezinho desta quinta-feira, que no início da tarde havia chegado a 25, incluindo um policial civil, chama a atenção de especialistas em Segurança Pública, que divergem sobre a legitimidade da ação. Para o ex-comandante do Bope Paulo Storani a ação letal por parte da polícia deve ser proporcional à resistência dos criminosos.
"Dependendo da facção há sempre resistência para que os criminosos possam se esconder, esconder suas armas e drogas. Quando a força policial não se dobra, a tendência da criminalidade é recuar e desaparecer dentro da comunidade. O Jacarezinho é densamente povoado, tem muita casa para se esconder. Se houve resistência continuada, justifica-se a quantidade de mortes", diz o ex-comandante do Bope. Paulo Storani diz ser necessário esperar pelo número de apreensões de armas e drogas para dimensionar se a letalidade foi proporcinal à ação.
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Para o sociólogo e professor Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ), a justificativa da Polícia Civil para a megaoperação desta quinta-feira é insuficiente. A Polícia Civil afirmou que criminosos aliciam crianças e adolescentes para atuar no tráfico para legitimar a intervenção. "Dizer que traficantes aliciam crianças e adolescentes é uma questão quase risível porque a gente sabe que todas as estruturas do tráfico têm menores de idade que colaboram. Dizer que vão fazer uma megaoperação porque descobriram que traficantes aliciam crianças é uma brincadeira", criticou Ignácio Cano.
O capitão do Bope Paulo Storani afirmou que a prática de aliciar adolescentes e crianças é comum em qualquer área dominada pelo tráfico e até por áreas de milícia e narcomilícia, associação entre facção do tráfico de drogas e milícia.
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Na operação desta manhã, um policial civil morreu com um tiro na cabeça, outros dois ficaram feridos. A corporação diz que 25 suspeitos morreram. Dois passageiros de metrô que passavam pela estação Triagem foram baleados, em mais uma manhã de horror para os cariocas.
Para Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, a estratégia deveria ser prender os criminosos após investigação, para que fossem detidos sem possibilidade de resistência para evitar trocas de tiros.
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"Infelizmente, a polícia no Rio faz ciclicamente essas operações que causam muita insegurança e vítimas. A surpresa desta vez é a morte de um policial. É raro que um policial seja vitimado nessas operações. Acho que a única tentativa de pelo menos diminuir o controle do tráfico foram as UPPs, antes e depois disso as operações só geram insegurança e raramente conseguem um objetivo estratégico. Quando a polícia se retira, tudo volta ao normal. Os mortos são substituídos", aponta o membro do Laboratório de Violência da Uerj.
Segundo a Polícia Civil, a Operação Exceptis foi realizada para prender criminosos que foram identificados em investigações que estariam recrutando crianças e adolescentes para o  crime. Além do tráfico de drogas, os criminosos respondem pelos crimes de homicídio, formação de quadrilha e sequestro de trens. O Jacarezinho é dominado pela facção criminosa Comando Vermelho.
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