Cientistas alemães afirmam ter desvendado o problema nas vacinas que têm causado coágulos Foto: Reprodução REUTERS/Sergio Perez
Por Jorge Costa*
Publicado 12/05/2021 16:58
Rio - Dez municípios da Região Metropolitana do Estado do Rio suspenderam a aplicação da segunda dose da CoronaVac devido a falta de unidades nesta quarta-feira (12). Na capital, os estoques do imunizante estão no limite e a campanha pode ser interrompida até quinta (13) se não houver novas remessas. A escassez da vacina tem prejudicado o planejamento da imunização no estado. O governo deve receber e distribuir um novo lote até quinta-feira (13), reabastecendo as prefeituras.

Os dez municípios que interromperam a vacinação com a segunda dose da CoronaVac são: Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Japeri, Nilópolis, Itaboraí, Guapimirim, Mesquita e Magé. A distribuição da primeira dose continua sendo feita por todos com unidades do imunizante Oxford/AstraZeneca.

Até que novas unidades da vacina CoronaVac cheguem no estado do Rio de Janeiro, a população vive o drama de ter a sua proteção atrasada, o que confere a possibilidade de redução da imunidade global contra a covid-19. A recomendação descrita na bula do imunizante é que a segunda dose seja aplicada em até 28 dias após a primeira vacinação. 

Uma pessoa que vive essa situação é Luiz Antônio Teixeira. Ele tem 64 anos, é morador de São Gonçalo e disse que a sua segunda aplicação da CoronaVac estava marcada para a última quinta-feira (6), mas até o momento a prefeitura não possui doses.

"Todo dia é a mesma coisa, eu mando mensagem para prefeitura e recebo aquela resposta automática explicando que não tem doses. Eu me sinto mal, inseguro, eu estou dentro do grupo de risco, sou diabético, hipertenso e não tenho nenhum apoio do município. Eu não recebo nenhuma satisfação sobre quando vão chegar as novas doses", afirmou.
 
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Maria do Carmo, também moradora de São Gonçalo, passa pelo mesmo problema e afirmou estar descrente da vacinação no país. Ela aguarda a sua segunda dose e disse se sentir presa em casa.

"Eu não acredito mais em política nenhuma no Brasil. Eu estou muito descrente com tudo, muito insatisfeita. Me sinto completamente insegura, pois a primeira dose garante uma certa imunidade e a segunda completa o restante. É uma situação complicada, porque mesmo usando máscara, álcool em gel e me cuidando, não fico com garantia de me sentir segura, continuo ficando com a sensação de estar presa dentro de casa", desabafou.

Em Nilópolis, uma pessoa que não quis se identificar mencionou o drama de sua mãe, que aguarda a segunda dose da CoronaVac desde o dia 28 de abril.

"Minha mãe está totalmente desanimada. Ela está ansiosa, diz que vai desistir se não conseguir tomar a segunda dose essa semana. Ela mora perto do posto e foi várias vezes na unidade para tentar receber o imunizante. Depois de tantas tentativas ela conseguiu o telefone da unidade e liga para lá todos os dias na busca de saber quando vai chegar a CoronaVac, por enquanto ainda não temos", disse.

O Instituto Butantan afirmou em nota que enviou na manhã desta quarta-feira (12) para o governo federal uma nova remessa com 1 milhão de doses, concluindo o primeiro contrato firmado com o Ministério da Saúde em 7 de janeiro. No total, foram entregues 46,112 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunização (PNI). Na sexta (14), mais 1,1 milhão de unidades devem ser enviadas.

O governo estadual deve receber um novo lote até quinta-feira (13) entregue pelo PNI, mas não há um número definido sobre a quantidade de doses a ser destinada ao estado. Os municípios da Região Metropolitana mencionaram que estão recebendo valores insuficientes da CoronaVac, o que não permite uma retomada definitiva da vacinação para a segunda aplicação.

A prefeitura de Nilópolis é quem enfrenta uma das situações mais graves. A vacinação com a segunda dose da CoronaVac está suspensa desde o dia 3 de maio na região devido a falta de unidades. O único município da Região Metropolitana que afirmou estar em dia com a segunda aplicação foi Queimados.

O governo do estado orientou que a população aguarde pela segunda dose em seus próprios municípios até que possam receber o imunizante. A capital do Rio e diversas prefeituras da Região Metropolitana não permitem a vacinação de moradores de outras cidades e exigem comprovante da primeira vacinação feita na própria localidade.
*Estagiário sob supervisão de Gustavo Ribeiro
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