Prédio de quatro andares desabou na madrugada desta quinta-feira em Rio das PedrasDaniel Castelo Branco / Agência O DIA
Por Anderson Justino, GUSTAVO RIBEIRO E YURI EIRAS
Publicado 03/06/2021 06:09
Rio - Um prédio de quatro andares habitado por pessoas da mesma família desabou na madrugada desta quinta-feira (3) em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Uma criança de 2 anos, identificada como Maitê, e o pai dela, Natan de Souza Gomes, 30, morreram soterrados. Quatro pessoas ficaram feridas, entre eles a mãe da criança e mulher de Natan, Kiara Abreu, de 26 anos, que passou seis horas sob os escombros, e foram levadas a hospitais. A construção era irregular, segundo a Prefeitura do Rio. Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil e as investigações estão a cargo da 32ª DP (Taquara).
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Kiara Abreu foi socorrida por volta das 9h20, seis horas após o acidente. Segundo os bombeiros, Kiara foi resgatada lúcida, com trauma nos membros inferiores. Ela foi encaminhada ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul do Rio. A vítima foi internada na sala de traumas da unidade e precisou ser sedada. As buscas foram feitas com o auxilio de cães farejadores. Por volta das 10h25, o Corpo de Bombeiros confirmou a morte de Maitê, retirada sem vida dos escombros. No início da tarde, por volta de 12h15, os socorristas confirmaram a morte de Natan.
De acordo com a Prefeitura do Rio e o Corpo de Bombeiros, inicialmente três pessoas foram socorridas ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. São duas irmãs e o marido de uma delas. Dois receberam alta e uma das vítimas estava em observação, com quadro estável.
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Família inteira ficou soterrada no desabamento. Menina de 2 anos morreu, mãe foi resgatada e pai continuava sob os escombros até o fim da manhãArquivo Pessoal
Por conta do desabamento, centenas de moradores estão sem energia elétrica. Pelo menos três ruas que dão acesso à Rua das Uvas, onde fica a construção, estão interditadas. 
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"É uma tragédia. A gente está trabalhando para ajudar e socorrer as pessoas. Uma vítima está conversando com os socorristas e dando detalhes de onde estariam outras duas", disse Laura Carneiro, secretária municipal de Assistência Social.
Homens do Corpo de Bombeiros de três quartéis, Barra da Tijuca, Alto da Boa Vista e Jacarepaguá, trabalham no local para localizar vítimas. Desde o início da manhã, eles conversavam com Kiara, que estava debaixo de uma placa de concreto. 
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"Ela (mulher) está passado informações de possível localização onde estão um homem e uma criança. É um local de difícil acesso e de risco para todos", explicou o coronel Leandro Monteiro, chefe do Corpo de Bombeiros, antes de a mulher ser resgatada. 
Seis ambulâncias do Corpo de Bombeiros estão no local para atender a população. Uma aeronave auxilia o trabalho dos socorristas.  
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A Prefeitura do Rio trabalha no local com a Defesa Civil e equipes da Secretaria de Assistência Social e Guarda Municipal. Por voltas das 8h o prefeito Eduardo Paes chegou no local. As causas do acidente ainda não foram confirmadas.
CONSTRUÇÃO IRREGULAR
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A Secretaria Municipal de Habitação (SMH) confirmou que o imóvel que desabou em Rio das Pedras, na madrugada desta quinta, era irregular. A equipe da SMH está no local para prestar o atendimento necessário às famílias. Mais cedo, a subprefeita da Zona Oeste, Thalita Galhardo, afirmou que a maioria dos prédios da região não tem licença da prefeitura.
"Eu tenho feito muitas vistorias de ocupações irregulares, prédios condenados pela Defesa Civil. Realmente o entorno ali tem muita ocupação irregular. É uma coisa muito difícil você tirar morador, mas infelizmente as construções aqui não tem legalidade e acaba acontecendo este tipo de acidente", afirmou a representante municipal.
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A Defesa Civil vai avaliar os riscos de novos desabamentos. " Os técnicos avaliam os danos que foram causados em outras 4 edificações (uma do lado direito e três a frente) e se haverá necessidade de outras interdições".
A 32ª DP (Taquara) abriu um inquérito para investigar o caso. A Polícia Civil aguarda o resgate das vítimas para periciar o local. 
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FERIDOS NO LOURENÇO JORGE
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, os três feridos socorridos inicialmente foram levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. As vítimas são duas irmãs e o marido de uma delas. Eles sofreram ferimentos leves. São eles: Jonas Rodrigues de Souza, 29 anos; Antonia Tatiana Leonardo de Souza, 38 anos; e Nataniela de Souza Bras, 28 anos. Jonas e Antonia receberam alta ainda pela manhã. Até as 10h30, Nataniela continuava no hospital recebendo cuidados médicos e seu estado de saúde era estável.
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Não há detalhes de quantas pessoas estavam dentro do prédio. 
MUZEMA DEIXOU 24 MORTOS
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Em 12 de abril de 2019, a comunidade da Muzema, vizinha de Rio das Pedras, também sofreu com o desabamento de dois prédios. Na ocasião, 24 pessoas acabaram mortas. As construções, que eram irregulares, caíram quatro dias depois que uma forte tempestade atingiu o município do Rio. No último dia 24 de maio, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decidiu soltar três acusados por este desabamento.

Cada edifício tinha cinco andares. Segundo a Prefeitura do Rio, a milícia da região foi a responsável pelas obras, que foram feitas de forma ilegal. Os imóveis estavam localizados em área de proteção ambiental e, inclusive, chegaram a ser interditados.

De acordo com a Polícia Civil, Rio das Pedras e Muzema são dois bairros controlados pela milícia. Investigações apontam que uma das fontes de lucro dos paramilitares é o ramo imobiliário clandestino, já que a organização criminosa investe em construções irregulares, grilagem de terra e venda e aluguel de imóveis ilegais.

No final de maio deste ano, a juíza Simone de Faria Ferraz, da 1ª Vara Criminal do Rio, assinou a decisão que colocava em liberdade José Bezerra de Lira, Rafael Gomes da Costa e Renato Siqueira Ribeiro, acusados pelo desabamento dos prédios da Muzema. De acordo com a juíza, os acusados serão liberados da prisão preventiva por 'excesso de prazo na custódia'.

Agora, os três réus irão aguardar o julgamento do caso em liberdade. Eles são obrigados a informar mensalmente seus paradeiros ao Juiz e não podem ter contato com nenhuma das testemunhas do processo.
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