Publicado 09/12/2021 09:12 | Atualizado 09/12/2021 12:16
Rio - Uma conversa entre dois traficantes, interceptada pela polícia com autorização judicial, é uma das provas que constam no inquérito sobre o desaparecimento e morte dos meninos Lucas Matheus, 9 anos Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12. Parte da transcrição já havia sido revelada pelo O DIA, em outubro.
A Polícia Civil realizou, na manhã desta quinta-feira uma operação para prender integrantes do bando que teria raptado e matado Lucas Matheus, 9 anos Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12. Trinta e duas pessoas foram presas nesta quinta-feira. Destas, 16 foram detidas ao longo da operação e 15 já se encontravam no sistema penitenciário.
No áudio, um traficante descobre que estava como suspeito da morte das crianças após assistir uma reportagem na televisão e comenta com outro criminoso, que responde: 'e tu não quis nem bater'. E, ele reitera: 'você lembra?'. A polícia prefere não divulgar a identificação dos criminosos.
Confira abaixo a transcrição da conversa e escute o áudio:
Suspeito 1: Me colocaram como suspeito da morte dessas crianças também. Viu não, na televisão? Está passando, no SBT.
Suspeito 2: E tu não queria nem bater.
Suspeito 1: Tu lembra?
Para a polícia, os criminosos bateram nas crianças após ordem de José Carlos dos Prazeres, o Piranha, então chefe do tráfico no Castelar. Um dos meninos havia pego um passarinho do tio de um gerente do tráfico. Os passarinhos de canto, como coleiros, podem chegar a custar R$ 5 mil.
A reportagem apurou que Piranha teria pedido autorização para Edgar Alves de Andrade, o Doca, para dar uma surra nos responsáveis pelo furto do passarinho, mas não teria, a princípio, informado que seriam crianças. Uma das crianças não resistiu à sessão de tortura e as outras foram mortas como testemunhas.
Os traficantes passaram a negar a morte das crianças dentro da própria facção. No entanto, a existência do áudio chegou ao conhecimento de Wilson Quintanilha, o Abelha, ainda durante as investigações, e teria feito que o chefe do Comando Vermelho instaurasse uma espécie de 'tribunal do tráfico' no Complexo da Penha.
No 'tribunal', segundo policiais ouvidos pela reportagem na época, ele gostaria de saber quem eram os interlocutores e detalhes da morte das crianças. Piranha teria sido morto na Penha, mas até hoje seu corpo não foi encontrado. A polícia não sabe se de fato ele foi morto ou se a informação foi passada para camuflar seu paradeiro.
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