Publicado 21/12/2021 15:35
Rio - Brenda Rodrigues, filha de Maria Jandimar Rodrigues, encontrada morta no estacionamento de uma clínica estética, na última sexta-feira, Zona Norte da cidade, negou que a mãe teria arritmia cardíaca, como disse o médico que realizou a hidrolipo na vítima, Brad Alberto Castrillón Sanmiguel. Segundo ela, a mãe nunca mencionou esse problema e mesmo se tivesse, a arritmia deveria ter sido apontada em um dos exames feitos por Maria Jandimar antes da primeira sessão de hidrolipo. "Minha mãe não tinha esses problemas, tanto que os exames estavam corretos, dito por ele [o médico]".
A vítima entregou ao médico, por via WhatsApp, os seguintes exames: hemograma, função renal, coagulograma, ultrassom da parede abdominal e eletrocardiograma. Em depoimento, no fim da noite da última segunda-feira (20), o médico colombiano disse que o envio dos exames por mensagens é comum e que "caso haja algum resultado de exame alterado, a paciente é convocada para uma nova avaliação". Na ficha de Maria Jandimar, segundo o próprio médico, não foi constatada nenhuma alteração que pudesse impedir o procedimento. No entanto, durante o depoimento, o profissional contou que na segunda sessão, ocorrida na sexta-feira (17), após o procedimento de hidrolipo, a paciente disse que estava sentindo palpitações.
"Doutor, estou sentindo palpitações. Eu esqueci de falar ao senhor que eu tenho uma arritmia cardíaca", disse o médico em depoimento ao reproduzir a suposta declaração da paciente momentos antes das convulsões.
O delegado titular da 27ª DP (Vicente de Carvalho), Renato Carvalho, informou que o laudo inicial não indicou a causa da morte da paciente, por isso a polícia aguarda o resultado do laudo complementar, que será analisado junto com o exame toxicológico da vítima, para concluir se a causa da morte tem ligação com o procedimento estético. Espera-se que o resultado final da investigação fique pronto em até uma semana.
A delegacia analisa, desde a segunda-feira (20), as imagens internas e externas do prédio, do dia 10 de dezembro, data em que Maria Jandimar fez o primeiro procedimento de hidrolipo, até o dia do ocorrido.
O que disse o médico em depoimento
O médico Brad Alberto Castrillón Sanmiguel disse em depoimento na 27ª DP (Vicente de Carvalho) que não houve omissão de socorro e nem tentativa de fuga, como alega o viúvo da vítima. Durante o depoimento, o profissional contou ao delegado Renato Carvalho, titular da delegacia que investiga o caso, que "adotou corretamente todos os previstos na literatura médica, e quando se deparou com a intercorrência, buscou imediato socorro em uma emergência próxima", o que acabou não sendo possível por causa do óbito da paciente.
O delegado solicitou na madrugada desta terça-feira o passaporte do médico pelo fato dele ser colombiano e poder sair a qualquer momento do país. A defesa do médico disse que o documento será entregue ainda hoje. Brad Alberto apresentou os seguintes documentos: formação em medicina na Colômbia, no ano de 2017; revalidação da profissional em 2018, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); especialização em cirurgia na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e pós graduação em cirurgia plástica na Universidade Federal Fluminense (UFF).
O instrumentista da clínica onde o procedimento foi realizado, Zander Mendonça, também prestou depoimento. Ele confirmou o que foi dito pelo médico colombiano anteriormente. A defesa de Brad Alberto emitiu uma nota nesta terça-feira em que "ressalta a solidariedade ao sofrimento dos familiares e que está à disposição das autoridades para outros esclarecimentos necessários".
O que diz a família da vítima
O marido de Maria Jandimar, Vagner Vinicius, e a filha da vítima, Brenda Rodrigues, também compareceram na 27ª DP (Vicente de Carvalho), na última segunda-feira (20), para prestar depoimento.
"A filha dela estava aguardando ela descer, eles saíram por trás, não saíram pela frente. O médico descendo disse que não era médico, que era funcionário do prédio. Ele tentou fugir, tanto que quem segurou ele foi um segurança do shopping que não deixou ele sair, pegou os documentos dele, tirou foto e ficou com ele até a chegada da Polícia Militar. Ai quando os policiais chegaram o segurança já falou pra eles pegarem os documentos para ele não fugir. E ele ficava o tempo todo perguntando se os documentos ficariam com os PMs. Ele estava querendo salvar uma pessoa, mas desceu de mochila, mala de mão com tudo, os instrumentos, ele não deixou nada na sala. Como que ele ia socorrer alguém daquele jeito", contou o viúvo.
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