Mulher morreu em estacionamento de shopping após procedimento estético. Na foto, fachada do local onde funciona clínica. Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - O médico Brad Alberto Castrillón Sanmiguel, responsável pela hidrolipo de mulher morta na Zona Norte, disse em depoimento na 27ª DP (Vicente de Carvalho) que não houve omissão de socorro e nem tentativa de fuga, como alega o viúvo da vítima. Durante o depoimento, o profissional contou ao delegado Renato Carvalho, titular da delegacia que investiga o caso, que "adotou corretamente todos os previstos na literatura médica, e quando se deparou com a intercorrência, buscou imediato socorro em uma emergência próxima", o que acabou não sendo possível por causa do óbito da paciente. Brad também disse que não foi informado pela paciente sobre uma arritmia cardíaca antes do procedimento.
O delegado solicitou na madrugada desta terça-feira o passaporte do médico pelo fato dele ser colombiano e poder sair a qualquer momento do país. A defesa do médico disse que o documento será entregue ainda hoje. Brad Alberto apresentou os seguintes documentos: formação em medicina na Colômbia, no ano de 2017; revalidação da profissional em 2018, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); especialização em cirurgia na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e pós graduação em cirurgia plástica na Universidade Federal Fluminense (UFF).
O instrumentista da clínica onde o procedimento foi realizado, Zander Mendonça, também prestou depoimento. Ele confirmou o que foi dito pelo médico colombiano anteriormente. A defesa de Brad Alberto emitiu uma nota nesta terça-feira em que "ressalta a solidariedade ao sofrimento dos familiares e que está à disposição das autoridades para outros esclarecimentos necessários".
Maria Jandimar morreu na última sexta-feira, na clínica localizada no Carioca Offices, prédio anexo ao Carioca Shopping, na Vila da Penha, Zona Norte da cidade. O laudo inicial não indicou a causa da morte da paciente, por isso a polícia aguarda ainda o resultado do laudo complementar, que será analisado junto com o exame toxicológico da vítima, para concluir se a causa da morte tem ligação com o procedimento estético. Espera-se que o resultado final da investigação fique pronto em uma semana.
"O caso é complexo e não adianta sermos afobados na investigação pois lá na frente, quando chegar ao Ministério Público, os fatos podem ser desmantelados. Mas entendemos a consternação dos familiares", explicou o delegado que coletou, no início desta tarde, as imagens das câmeras de segurança do prédio anexo ao Carioca Shopping.

A delegacia agora vai analisar todas as imagens internas e externas do prédio, desde o dia 10 de dezembro, data em que Maria Jandimar fez o primeiro procedimento de hidrolipo, até o dia do ocorrido.
Versão da família da vítima
O marido de Maria Jandimar, Vagner Vinicius, e a filha da vítima, Brenda Rodrigues, também compareceram na 27ª DP (Vicente de Carvalho), na última segunda-feira (20), para prestar depoimento.
"A filha dela estava aguardando ela descer, eles saíram por trás, não saíram pela frente. O médico descendo disse que não era médico, que era funcionário do prédio. Ele tentou fugir, tanto que quem segurou ele foi um segurança do shopping que não deixou ele sair, pegou os documentos dele, tirou foto e ficou com ele até a chegada da Polícia Militar. Ai quando os policiais chegaram o segurança já falou pra eles pegarem os documentos para ele não fugir. E ele ficava o tempo todo perguntando se os documentos ficariam com os PMs. Ele estava querendo salvar uma pessoa, mas desceu de mochila, mala de mão com tudo, os instrumentos, ele não deixou nada na sala. Como que ele ia socorrer alguém daquele jeito", contou o viúvo.