Publicado 04/02/2022 10:39 | Atualizado 04/02/2022 10:59
Rio - A ONG Rio de Paz realizou, na manhã desta sexta-feira, um ato em frente ao quiosque Tropicália, na Praia da Barra, Zona Oeste do Rio, onde o congolês Moïse Kabagambe foi brutalmente assassinado. A frase "Fugimos do Congo para que não nos matassem", dita pela mãe do jovem, estampou uma faixa estendida pelos organizadores no local. Eles cobraram uma investigação isenta e célere sobre o caso. fotogaleria
"Enquanto movimento social e membros da sociedade civil, nós viemos pra esse local mostrar total repúdio e de alguma forma fazer uma homenagem ao Moïse, que teve a vida brutalmente interrompida num ato de total selvageria. A gente enquanto sociedade precisa mostrar que esse ato não pode se repetir. Isso é um reflexo de algo que aconteceu há séculos atrás. Negros vindos da África trabalhando por migalhas e tendo a vida interrompida a partir de agressões de espancamento, de tortura", disse o articulador social da ONG Rio de Paz, João Luis Silva.
Neste sábado, haverá uma manifestação às 10h, em frente ao quiosque Tropicália, que foi alvo de pichação durante a madrugada desta sexta. O protesto está sendo organizado pela família e toda a comunidade congolesa localizada no Estado do Rio de Janeiro. Entidades de direitos humanos também irão participar do protesto. Todos pedem celeridade nas investigações para responsabilizar os envolvidos na morte de Moïse. A Polícia Militar deve deslocar o Batalhão de Choque para o ato.
O pedido do efetivo feito ao Estado-Maior Geral (EMG) ainda está pendente de aprovação. Se autorizado, o efetivo do Choque deve participar de estrutura montada pela PM para acompanhar a manifestação. A informação foi divulgada no portal UOL.
Relembre o caso
Moïse, que entrou no Brasil como refugiado, em 2011, teve as mãos e os pés amarrados e foi espancado com um porrete de madeira até a morte no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no dia 24 de janeiro. Uma perícia no corpo de Moïse indica que a causa da morte traumatismo do tórax com contusão pulmonar e também vestígios de broncoaspiração de sangue. O documento revela lesões concentradas nas costas e o tórax aberto, com os órgãos dentro.
Na versão dos presos, o espancamento ocorreu após Moïse tentar pegar cerveja do quiosque Tropicália, onde já havia trabalhado, e ameaçar um funcionário idoso, de nome Jaílson.
No entanto, a família afirma que a briga teria começado após ele cobrar diárias atrasadas. A motivação para o crime ainda é apurada pela Polícia Civil.
O Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) manteve as prisões temporárias dos três homens apontados pela Polícia Civil como agressores de Moïse. Fábio Pirineus da Silva, o Belo, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, e Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota, tiveram as audiências de custódias realizadas na tarde desta quinta-feira e vão permanecer no presídio José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio.
Na audiência de custódia de Brendon Alexander, após ouvir o indiciado, que relatou não ter havido nenhuma forma de agressão no ato de sua prisão, o juiz Rafael de Almeida Rezende constatou a regularidade do mandado de prisão.
Já na audiência de custódia de Fábio Pirineus da Silva, o juiz Pedro Ivo Martins Caruso D’Ippolito também manteve a prisão provisória, após constatar não ter havido nenhuma irregularidade no ato prisional. O juiz ressaltou as atribuições e limites da audiência de custódia.
A juíza Mariana Tavares Shu, que presidiu a audiência de custódia do terceiro indiciado, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, observando os mesmos fundamentos apresentados pelos juízes das outras duas audiências, manteve a prisão provisória do indiciado.
O Plantão Judiciário da Capital havia determinado, na madrugada desta quarta-feira (2), a prisão temporária do trio, indiciados pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) pelo assassinato, duplamente qualificado, de Moïse. As qualificações foram por conta do meio cruel e por não ser possível a defesa da vítima.
Conforme O DIA divulgou, os agressores foram identificados pelo proprietário do quiosque Tropicália, onde ocorreu o crime, através de apelidos. O proprietário, que não estava no local no momento das agressões, cedeu as imagens do circuito de câmeras para a polícia e não teve participação no crime, de acordo com a polícia.
Belo e Tota trabalhavam em barracas na areia da praia; Dezenove era funcionário do quiosque vizinho. Os três teriam agredido Moïse, que já estaria embriagado, após o congolês tentar pegar mais cerveja da geladeira do Tropicália. Ele havia sido dispensado do trabalho no mesmo quiosque cinco dias antes, após ficar embriagado no turno do serviço, segundo o proprietário. Desde o dia 20, no entanto, ele trabalharia no quiosque vizinho.
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