Publicado 07/02/2022 09:11
Rio - A filha de apenas 6 anos do repositor de supermercado Durval Teófilo Filho, 38, chamou pelo pai ao ouvir o primeiro dos três disparos que o mataram na noite da última quarta-feira (2), no Colubandê, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. A viúva da vítima, Luzianeh Teófilo, contou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que a menina esperava o pai chegar do trabalho todos os dias e o viu em uma passarela próximo ao condomínio onde moravam, pouco antes do assassinato.
Durval foi morto pelo sargento da Marinha, Aurélio Alves Bezerra, que disse ter o confundido com um assaltante, mesmo não tendo ocorrido tentativa ou assalto no momento do crime. Ainda de acordo com a viúva, ela estava na cozinha quando ouviu o primeiro disparo e a filha do casal estava próxima a janela. Luzianeh então correu até a menina, com medo de que ela fosse atingida por uma bala perdida. Nesse momento, contou ela, a criança chamou pelo pai e, ao ouvir o segundo disparo e um grito, sentiu que a vítima era Durval.
"Quando eu escutei o primeiro disparo, imediatamente eu larguei tudo, peguei minha filha que estava na janela, fiquei com medo de dar bala perdida. Ela falou assim: 'papai, papai' e eu falei: 'calma'. Quando eu escutei o segundo disparo e um grito, um grito muito alto, eu falei assim: 'que Deus tenha misericórdia, que Deus esteja com essa pessoa que está lá fora'. Mas, o meu coração já estava dizendo que era ele”, desabafou Luzianeh.
Segundo a mulher, o marido cresceu em uma das favelas mais perigosas do município de São Gonçalo e decidiu se mudar para um condomínio no Colubandê, em busca de mais segurança para a família. Ela ressaltou que a vítima tinha uma rotina para evitar assaltos e, por isso, sempre pegava as chaves ao se aproximar do portão de casa.
"Ele foi criado lá (na favela) e saiu de lá na intenção de buscar uma vida melhor, dar segurança para a família dele e ele não teve essa segurança. (...) Ele chegava sempre às 11 horas da noite. A minha filha já esperava ele toda noite na janela. E ela viu o papai passando pela passarela. 'Mamãe, o papai está vindo'. Eu falei: 'que bom, graças a Deus!'", relatou Luzianeh.
Imagens das câmeras de segurança do condomínio registraram o momento em que Durval chega e abre a mochila. Na sequência, de dentro do carro, Aurélio efetua disparos contra a vítima. Em seguida, o militar desembarca e atira novamente contra o repositor, que já estava caído no chão. Confira. Atenção: imagens fortes!
"Quando eu escutei o primeiro disparo, imediatamente eu larguei tudo, peguei minha filha que estava na janela, fiquei com medo de dar bala perdida. Ela falou assim: 'papai, papai' e eu falei: 'calma'. Quando eu escutei o segundo disparo e um grito, um grito muito alto, eu falei assim: 'que Deus tenha misericórdia, que Deus esteja com essa pessoa que está lá fora'. Mas, o meu coração já estava dizendo que era ele”, desabafou Luzianeh.
Segundo a mulher, o marido cresceu em uma das favelas mais perigosas do município de São Gonçalo e decidiu se mudar para um condomínio no Colubandê, em busca de mais segurança para a família. Ela ressaltou que a vítima tinha uma rotina para evitar assaltos e, por isso, sempre pegava as chaves ao se aproximar do portão de casa.
"Ele foi criado lá (na favela) e saiu de lá na intenção de buscar uma vida melhor, dar segurança para a família dele e ele não teve essa segurança. (...) Ele chegava sempre às 11 horas da noite. A minha filha já esperava ele toda noite na janela. E ela viu o papai passando pela passarela. 'Mamãe, o papai está vindo'. Eu falei: 'que bom, graças a Deus!'", relatou Luzianeh.
Imagens das câmeras de segurança do condomínio registraram o momento em que Durval chega e abre a mochila. Na sequência, de dentro do carro, Aurélio efetua disparos contra a vítima. Em seguida, o militar desembarca e atira novamente contra o repositor, que já estava caído no chão. Confira. Atenção: imagens fortes!
A vítima chegou a ser socorrida pelo atirador, deu entrada no Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT) às 23h26, mas não resistiu aos ferimentos. À Polícia Militar, Aurélio alegou que chegava em casa quando avistou um homem se aproximando de seu veículo "muito rápido". O militar afirmou ainda ter atirado três vezes contra Durval.
Casal chegou a comentar sobre caso Moïse
O sargento foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. "Eu fiquei revoltada, muito revoltada. Foi um insulto para mim, um insulto para a filha dele, foi um insulto para a família toda", afirmou Luzianeh. Entretanto, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) decidiu, na última sexta-feira (4), que o militar responderá por homicídio doloso, quando há intenção de matar, após pedido do MP.
"Eu vou lutar por justiça, sim. Por ele e pela minha filha, porque ela perdeu o pai. Ela também é negra. O pai se foi, amanhã pode ser ela", disse a viúva. A Justiça também converteu a prisão do atirador de flagrante para preventiva. "Uma semana antes do meu esposo falecer, a gente estava discutindo sobre o assassinato do rapaz que morreu na orla à pauladas (Moïse Kabamgabe). Eu falei assim: 'gente, aonde vamos parar?'", lamentou a viúva que reforçou acreditar que o crime foi motivado por racismo.
"Ele (Durval) abriu a mochila para pegar a chave, quando ele recebeu o primeiro disparo. (O militar) Viu um preto na frente dele. Na mente dele, com certeza, automaticamente, é um bandido. Foi maldade. Foi racismo, sim. Chegou perto do meu marido e efetuou o último disparo. Quando eu inventei de abrir a porta, eu dei de cara com a minha vizinha, com a mochila dele no peito, com o chinelo dele na mão."
O sargento foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. "Eu fiquei revoltada, muito revoltada. Foi um insulto para mim, um insulto para a filha dele, foi um insulto para a família toda", afirmou Luzianeh. Entretanto, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) decidiu, na última sexta-feira (4), que o militar responderá por homicídio doloso, quando há intenção de matar, após pedido do MP.
"Eu vou lutar por justiça, sim. Por ele e pela minha filha, porque ela perdeu o pai. Ela também é negra. O pai se foi, amanhã pode ser ela", disse a viúva. A Justiça também converteu a prisão do atirador de flagrante para preventiva. "Uma semana antes do meu esposo falecer, a gente estava discutindo sobre o assassinato do rapaz que morreu na orla à pauladas (Moïse Kabamgabe). Eu falei assim: 'gente, aonde vamos parar?'", lamentou a viúva que reforçou acreditar que o crime foi motivado por racismo.
"Ele (Durval) abriu a mochila para pegar a chave, quando ele recebeu o primeiro disparo. (O militar) Viu um preto na frente dele. Na mente dele, com certeza, automaticamente, é um bandido. Foi maldade. Foi racismo, sim. Chegou perto do meu marido e efetuou o último disparo. Quando eu inventei de abrir a porta, eu dei de cara com a minha vizinha, com a mochila dele no peito, com o chinelo dele na mão."
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