Publicado 16/02/2022 10:21 | Atualizado 16/02/2022 14:34
Rio - Onze anos depois e o cenário se repete: grande número de pessoas mortas, desaparecidas e desalojadas após um temporal atingir a cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. A professora de Língua Portuguesa, Gabriela Leite, de 25 anos, está em choque com tudo o que tem visto desde a noite desta terça-feira. A jovem contou que a Primeira Igreja Batista do Alto da Serra, onde congrega, está recebendo algumas vítimas afetadas pelo temporal.
Com a forte chuva, casas desabaram sob a força das águas carregadas de lamas. Gabriela disse que, até o momento, a igreja recebeu 50 pessoas, entre elas muitas crianças.
"Acredito que nós temos testemunhados uma coisa que jamais imaginaríamos que iríamos testemunhar novamente. É Alto da Serra é um bairro onde tudo acontece em Petrópolis, sempre foi um lugar muito animado, de fácil acesso. Um bairro onde as pessoas sempre quiseram morar e de repente a gente vê tudo completamente destruído. Desde ontem tenho visto a dor de mães, filhos, sobrinhos. Nós vimos perdas inestimáveis, tem sido muito difícil", lamentou.
A professora contou que "as pessoas estão muito fragilizadas e em situação de muita vulnerabilidade". Apesar da pandemia da covid-19, ela disse que jamais poderia deixar de dar um abraço em sinal de apoio e solidariedade às vítimas que perderam seus familiares e pertences na tragédia, que já deixou dezenas de mortos.
"Ontem entre 19h e 20h, nós começamos a receber pessoas na nossa igreja que fica num ponto bem central do bairro e muito próximo de onde aconteceu os principais deslizamentos. Recebemos muitas famílias, crianças, pessoas buscando seus familiares. Nós oferecemos comida, lanche, oferecemos o que nós tínhamos. Nós não estamos assistindo essas famílias só com o alimento físico, mas também com o alimento espiritual. Nós estamos oferecendo suporte, estamos abraçando. A gente sabe que o covid tá aí, mas a gente não pode deixar de abraçar e confortar as pessoas num momento como esse. Nós estamos tratando nosso próximo assim como Jesus tem nos ensinado desde sempre", falou.
Gabriele pediu ajuda à população. "Estamos precisando muito de colchonetes, cobertas, roupas e sapatos masculinos porque os rapazes estão entrando nas áreas mais atingidas para tentar salvar as pessoas. Então eles chegam com as roupas muito molhadas, os sapatos destruídos mesmo".
As doações podem sem entregues na Rua Alenthor Werneck, 116, Alto da Serra.
Tragédia de 2011
No dia 11 de janeiro de 2011, a região serrana do Rio foi palco da maior catástrofe climática do Brasil. De acordo com os dados do Ministério Público, 918 pessoas morreram, 30 mil ficaram desabrigadas e ao menos 99 vítimas seguem desaparecidas até hoje, após um temporal sem precedentes atingir cidades como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. A chuva provocou avalanches de lama e muitas casas desabaram sob a força das águas carregadas de terra e entulho.
No dia 11 de janeiro de 2011, a região serrana do Rio foi palco da maior catástrofe climática do Brasil. De acordo com os dados do Ministério Público, 918 pessoas morreram, 30 mil ficaram desabrigadas e ao menos 99 vítimas seguem desaparecidas até hoje, após um temporal sem precedentes atingir cidades como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. A chuva provocou avalanches de lama e muitas casas desabaram sob a força das águas carregadas de terra e entulho.
Na época do desastre, cerca de 850 mil toneladas de lama e entulho foram retiradas das ruas das cidades. Nos dez anos da tragédia, o governador Cláudio Castro decretou luto oficial e transferiu a sede do governo do estado para a Região Serrana. Em janeiro do ano passado, foi feita a promessa de investir mais de R$ 500 milhões em contenções de encostas, limpeza de rios e obras de infraestrutura em Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Areal.
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