Alexandre ao lado do pai, Jorge Luiz de Jesus, de 65 anos: grande perigo de casa vir abaixoMarco Antonio Pereira
Publicado 18/02/2022 10:42
Rio - Mágoa, dor, consternação, apreensão, medo e revolta são alguns dos sentimentos listados pelas pessoas três dias após a tragédia que atingiu Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Com a casa dos pais prestes a desabar a qualquer momento, o tintureiro Alexandre Pereira de Jesus, de 39 anos, reclama da falta de informações das autoridades sobre as providências que precisam ser tomadas para começarem a se reerguer. Até o momento, mais de 100 pessoas foram mortas e pelo menos 114 estão desaparecidas.
Segundo Alexandre, a Rua Ademar Ferreira da Silva, no bairro Caxambu, onde está a casa dos pais, dá acesso direto para outros bairros da região e é por onde estão passando as doações para as famílias que perderam tudo.
Casa dos pais de Alexandre Pereira de Jesus está prestes a desabar - Marco Antonio Pereira
Casa dos pais de Alexandre Pereira de Jesus está prestes a desabarMarco Antonio Pereira
"No dia do temporal, na terça, uma casa desabou em cima da casa dos meus pais. Meu pai está ficando comigo na minha casa e minha mãe no trabalho dela. Graças a Deus não perderam a vida, mas a qualquer momento a casa dos meus pais pode cair e fechar o acesso da rua, que é por onde estão passando as doações. Se a casa cair, não vai ter acesso a lugar nenhum, não vai ter mais doação, não vai ter mais nada", contou o tintureiro.
Quem chega à Petrópolis, se depara com pessoas revoltadas por causa das dificuldades de comunicação e acesso aos serviços públicos, às informações, liberação de corpos e em relação ao transporte. Alexandre engrossa o coro em relação a esses problemas. 

"Fomos na Defesa Civil para tentar pegar o laudo para o meu pai começar a receber o aluguel social e falaram que não tem como eles darem, porque tem que abrir um boletim de ocorrência para o geólogo ir até lá e dar o parecer e condenar a casa. A casa já está condenada, é nítido que ela pode cair a qualquer momento. Agora vamos tentar ir a outro local para ver se consegue fazer o cadastro dele no aluguel social. Não temos informações de nada. Ontem a gente já recebeu água e quentinha, mas informação que é para a gente correr atrás para começar a dar uma nova vida aos meus pais, não temos. Meus pais não têm mais nada dentro de casa. Meu pai tá com a roupa do corpo".
Procurada pelo DIA, a Defesa Civil ainda não se pronunciou.
Buscas afetadas por conta da chuva; há riscos de deslizamentos
A busca por desaparecidos nos deslizamentos de Petrópolis tem sido afetada por conta da forte chuva que voltou à região no fim da tarde de quinta-feira. Desde então, a força-tarefa do Corpo de Bombeiros precisou ser suspensa ao menos duas vezes, por conta da instabilidade do solo. Quando a chuva cessa, os trabalhos recomeçam. Há risco de novos deslizamentos e sirenes têm sido acionadas desde a madrugada, especialmente no Morro da Oficina, região mais afetada. Até o momento, foram confirmadas 122 mortes na tragédia. Há ainda outros 116 desaparecidos.
O INMET emitiu 'aviso vermelho' para a manhã desta sexta-feira, por conta de "grande risco risco de danos em edificações, corte de energia elétrica, de queda de árvores, descargas elétricas, alagamentos, enxurradas e grandes transtornos no transporte rodoviário". O clima na região é de pancadas periódicas de chuva.
O secretário estadual de Defesa Civil, Leandro Monteiro, fez um apelo para que pessoas em áreas de risco deixem imediatamente suas casas. "Os moradores de áreas de risco precisam deixar suas casas e irem para os abrigos. Está chovendo muito na cidade. Acreditem no trabalho do Corpo de Bombeiros, acreditem no trabalho da Defesa Civil".
A região central da cidade ainda tem muita lama pelas ruas e lixo espalhado, em um cenário de destruição que começou ainda na terça e que ainda não cessou, por conta das pancadas de chuva mais recentes.
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