Motoristas do BRT iniciaram greve desde as primeiras horas de sexta-feira (25)Fabio Costa / Agencia O Dia
Publicado 26/02/2022 16:25
Rio - O Rio Ônibus criticou fortemente as declarações do prefeito Eduardo Paes sobre a greve de rodoviários que manteve o BRT paralisado por um dia. Segundo a entidade que reúne os consórcios de transporte público da cidade, Paes cometeu uma grave interferência ao acusar empresários de ônibus do município de estarem à frente de uma ação de locaute. Para a entidade, atribuir culpa a empresários que há mais de 11 meses estão afastados da gestão e operação do BRT - que é um projeto criado pelo próprio prefeito - não contribui em nada para melhorar as condições oferecidas aos usuários.
"É preciso que ele pare com suas declarações infundadas e esse vale-tudo pirotécnico. É preciso deixar claro que a responsabilidade da greve e, por consequência, da paralisação é única e exclusivamente da presidente da Mobi.Rio, que tem se mostrado inábil e despreparada até mesmo para, minimamente, estabelecer uma interlocução apropriada com os rodoviários em greve", disse em um trecho do comunicado.

O Rio Ônibus lembrou que o BRT está há mais de 11 meses sob gestão e operação exclusiva da Prefeitura, sem qualquer ação ou responsabilidade por parte dos consórcios filiados ao Rio Ônibus. O comunicado reforçou ainda que, por este motivo, a interventora do BRT e a secretária de Transportes é que "precisam admitir a falta de atendimento aos rodoviários e, principalmente, assumir total responsabilidade sobre o movimento grevista que tem, há mais de 24 horas, prejudicado a rotina de milhares de passageiros.
Briga na Justiça 
Neste sábado, a juíza Georgia Vasconcellos da Cruz, da 6ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), concedeu uma liminar que suspende os efeitos dos decretos que extinguiram os contratos de operação do BRT pelos consórcios Internorte e Transcarioca. Na prática, a decisão anula os decretos que passaram a gestão do BRT para a Prefeitura. Desde o dia 17 de fevereiro, a empresa pública Mobi-Rio passou a administrar do sistema de transporte, que está paralisado há mais de 24 horas por conta de uma greve de funcionários.
No dia 17, a Prefeitura do Rio decretou a caducidade do contrato de concessão do BRT, encerrando o acordo e dando à Mobi-Rio a administração do sistema. A decisão da juíza, neste sábado, suspende via liminar essa mudança do município. Na decisão, ela menciona "o direito de ampla defesa aos consórcios", "até que sejam concluídas as análises do desequilíbrio econômico-financeiro existente na operação do BRT pelos consórcios e os descumprimentos contratuais por parte do município".
BRT volta a circular parcialmente
Até o momento, os ônibus articulados estão circulando nas linhas 25 (Alvorada x Mato Alto, parador) e 22 (Alvorada x Jardim Oceânico). Nas áreas desatendidas, a população deverá buscar as linhas convencionais: linha 10 - Santa Cruz x Alvorada-direto; linha 12 - Pingo d'Água x Alvorada direto; linha 20: Santa Cruz x Salvador Allende, expresso e linha 19: Pingo D'água x Salvador Allende, expresso.

No trecho Jardim Oceânico, Alvorada e Taquara as opções são 803, 900, 766 e 954, que atendem os bairros de Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Gardênia Azul, Pechincha, Freguesia e Cidade de Deus, o ponto final da linha 565 será estendido temporariamente até o Terminal Paulo da Portela, em Madureira, e fará retorno próximo ao viaduto de Cascadura.

No trecho entre Taquara e Madureira, o usuário tem como opção a linha 636 que está operando até o Merck.
No trecho entre Madureira e Penha, o usuário tem as linhas 721 e 355 como opção. No trecho entre Penha e Bonsucesso, o usuário pode utilizar a linha 313.

Os deslocamentos entre Fundão e Barra podem ser realizados com a linha 616 até Del Castilho e linha 614 até a Barra.
Confira o comunicado do Rio Ônibus na íntegra:
"O Rio Ônibus vem a público, mais uma vez, repudiar as declarações que o prefeito Eduardo Paes vem dando acerca da greve de rodoviários que mantém o BRT paralisado desde as primeiras horas da sexta-feira (25/02).

O prefeito comete uma grave ilação ao acusar empresários de ônibus do Município do Rio de estarem à frente de uma ação de locaute, o que é uma inverdade. E preciso que ele pare com suas declarações infundadas e esse vale-tudo pirotécnico.

É preciso deixar claro que a responsabilidade da greve e, por consequência, da paralisação é única e exclusivamente da presidente da Mobi.Rio, que tem se mostrado inábil e despreparada até mesmo para, minimamente, estabelecer uma interlocução apropriada com os rodoviários em greve.

É importante lembrar que o BRT está há mais de 11 meses sob gestão e operação exclusiva da Prefeitura, sem qualquer ação ou responsabilidade por parte dos consórcios filiados ao Rio Ônibus. Por isso, a interventora do BRT e a secretária de Transportes é que precisam admitir a falta de atendimento aos pleitos dos rodoviários e, principalmente, assumir total responsabilidade sobre o movimento grevista que tem, há mais de 24 horas, prejudicado a rotina de milhares de passageiros.

O Rio Ônibus acredita que atribuir culpa a empresários que há mais de 11 meses estão afastados da gestão e operação do BRT - que é um projeto criado pelo próprio prefeito - não contribui em nada para melhorar as condições oferecidas aos usuários. E é no mínimo curioso que a mesma Prefeitura que ataca o Rio Ônibus já anunciou que vai recorrer a empresas filiadas ao Rio Ônibus para socorrê-la nesta greve de rodoviários do BRT.

Importante destacar, ainda, que foi o não cumprimento do contrato assinado por este mesmo prefeito que levou o BRT ao colapso financeiro e operacional, o que vem sendo agravado pela falta de conhecimento e competência por parte das equipes de intervenção, da Mobi.Rio e da SMTR, que desde março de 2021 já gastaram R$ 130 milhões de dinheiro público no BRT e não conseguiram gerar melhorias para os passageiros."
 
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