Publicado 18/03/2022 18:37
Rio - O segundo fim de semana dos ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí promete uma bonita festa. No sábado (19), é o dia das escolas da Série Ouro: Unidos da Ponte, Acadêmicos do Cubango e Império da Tijuca. Pelo Grupo Especial, Paraíso do Tuiuti, Unidos de Vila Isabel e Mangueira desfilam no domingo (20). Para aqueles que quiserem levar um lanchinho, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro, confirmou que está liberado. Já na passarela, alguns integrantes que participarão das apresentações falaram dos preparativos e os sentimentos para essa volta ao Sambódromo.
Após os atrasos dos dois primeiros dias, ficou definido que a primeira agremiação entraria uma hora mais cedo. Sendo assim, o desfile do Paraíso do Tuiuti começa às 20h. Quem já estiver na arquibancada, vai se deparar com a presença ilustre de Barack Obama. Na verdade, é o Rinaldo Gaudêncio Américo, que atua como sósia do ex-presidente norte-americano. Ele será um dos representantes de grandes personalidades negras que impactaram a história da humanidade, tema deste ano com o samba-enredo "Ka ríba tí ÿe". O experiente diretor de Harmonia Luiz Carlos Amâncio prometeu surpresas ao público que comparecer.
"É muito bom estar de volta à Sapucaí e ao ensaio técnico. Eu fiquei três anos afastado e, graças a Deus, estou retornando ao Paraíso do Tuiuti. Estamos ensaiando bastante, bateria separado, mestre-sala e porta-bandeira separado, comissão de frente, passista e a nossa comunidade, que é a principal arma que a gente tem é a garra deles. A nossa escola tem um projeto grandioso. O presidente Renato Thor trouxe a Claudia Mota, o casal Rafael e Dandara, o mestre Marcão e o carnavalesco Paulo Barros. O projeto dele, cada vez que a gente entra no barracão, ficamos até imaginando como vai ser. Pode aguardar porque vem surpresa no ensaio técnico e, no dia do desfile, vem mais ainda!", disse Luiz Carlos.
Logo em seguida, às 21h15, é a vez da Vila Isabel invadir a festa ao som de "Canta, Canta, minha gente! A Vila é de Martinho!", uma bonita homenagem ao baluarte Martinho da Vila. A bateria comandada pelo Anderson Andrade, conhecido como Macaco Branco, foi eleita a melhor do último Carnaval, em 2020. Era apenas o segundo ano do mestre, que agora volta para o seu terceiro.
"É muito gratificante poder voltar a fazer aquilo que a gente ama demais. Movimentar nossa cultura maior, que é o samba de enredo, cultura do nosso Carnaval. Domingo vai ficar marcado na história como a retomada do trabalho da nossa cultura popular. Estamos todos emocionados, com a ansiedade imensa de chegar logo e fazermos um grande ensaio, homenageando o nosso negro rei Martinho. É um grande griô, nosso baluarte maior. Meus diretores, coordenadores e os ritmistas estão muito felizes com esse enredo. Se Deus quiser, vamos trazer esse caneco porque nosso grande mestre merece muito", comentou Macaco Branco.
Os ensaios do domingo têm previsão de finalizar às 23h30 para que o público consiga utilizar o metrô das estações Centro e Praça Onze. Isso porque o horário de funcionamento do transporte foi estendido até meia-noite. Dessa maneira, o público se despede da festa com samba-enredo "Angenor, José e Laurindo", falando de três grandes figuras da Mangueira: Cartola, Jamelão e Delegado. O mestre Wesley Assumpção foi campeão logo na sua estreia, em 2019. Ele comentou sobre suas expectativas e disse que os presentes podem se preparar para uma novidade.
"A expectativa é muito grande. Depois de dois anos, reencontrar o público no Sambódromo. Não sei como o coração vai reagir, mas estou bem tranquilo. Em relação à busca pelo título, é difícil falar sobre isso porque Carnaval se ganha lá dentro. De repente, você pode estar confiante, mas chega na hora e a escola faz algo errado. De qualquer forma, o trabalho está 99% pronto e a expectativa está muito grande para domingo. Uma surpresa vai acontecer na bateria e eu acho que o público vai se encantar. É em homenagem aos três ícones da Mangueira."
Sábado é dia das escolas da Série Ouro
O mestre-sala da Império da Tijuca, Renan Oliveira, está se preparando para impressionar com a sua coreografia e vestimenta no sábado. Ele entra na Avenida às 21h acompanhado da porta-bandeira Laís Lúcia Ramos. Já na noite seguinte, ele volta à passarela, ensaiando como segundo casal da Mangueira ao lado de Débora de Almeida.
"A preparação é diferente, com certeza. A gente termina se desdobrando um pouco mais. Eu costumo fazer duas atividades por dia, de aeróbico, de academia. Até porque os dois desfiles sempre vão ser muito próximos por uma ser do acesso e outra do especial. Sobre gravar as coreografias, é bem tranquilo. Eu desfilo assim desde oito anos de idade, sempre dançando. Fui passista por muito tempo, já dancei em espetáculos. Então, vamos montando e a gente incorpora um personagem em cada. O mestre-sala é um só, mas me divido com as características que o samba e a fantasia estão pedindo", contou Renan.
Ele está empolgado em participar das duas escolas e também comentou sobre o que espera do Império da Tijuca, onde vai fazer sua estreia no primeiro pavilhão como mestre-sala. "A gente não vai esconder nada. Não tem jogo escondido. Vamos testar a coreografia oficial, do início que a gente entra na cabine até a saída. Infelizmente, não posso dar 'spoiler' da fantasia, mas gostaria muito de expor a beleza que vem por aí. Se preparem porque a roupa do casal, mesmo de ensaio, a gente não economizou. Minha porta-bandeira vai bem caracterizada e eu vou num terno muito bonito de linho. A gente não fez média, colocamos a melhor roupa que tínhamos no armário."
A Unidos da Ponte dará início aos ensaios da Série Ouro neste sábado. A previsão para entrada é 19h e a escola canta o samba-enredo "Santa Dulce dos Pobres - O Anjo Bom da Bahia", contando a história da freira brasileira que nasceu em Salvador, Bahia. Famosa pela sua caridade, ela é considerada, pelo Vaticano, a primeira santa brasileira. Os carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques comandam a apresentação.
Na sequência, às 20h, o Acadêmicos do Cubango levará para a Avenida "O amor preto cura; Chica Xavier, a mãe baiana do Brasil", com a assinatura do João Vitor Araújo. A atriz homenageada nasceu em Salvador, Bahia, e se consagrou com diversos papéis marcantes na televisão brasileira, como a Bá, na primeira versão de "Sinhá Moça", novela exibida pela TV Globo. Em 2010, recebeu o Troféu Palmares, entregue pelo antigo Ministério da Cultura, pelo trabalho de preservação e incentivo à cultura afro-brasileira.
Para quem ainda tiver disposição para festejar, a Liga-RJ divulgou um evento gratuito logo após a passagem da última agremiação. O Grupo Deita e Rola agita o público com uma roda na Praça do Samba, atrás do Setor 2. Para participar, será necessário comprovar a vacinação contra a covid-19, de acordo com o calendário da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. A comprovação poderá ser feita através do certificado de vacinação digital, disponível no aplicativo ConecteSUS, caderneta de vacinação ou comprovante de vacinação.
* Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes
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