Presidente da Comlurb disse que os cabos de alimentação dos compactadores dos veículos foram cortados Reprodução TV Globo
Publicado 01/04/2022 09:24
Rio - O presidente da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), Flávio Lopes, afirmou, nesta sexta-feira, que cerca de 20 caminhões de lixo foram sabotados durante a greve dos garis. De acordo com ele, os cabos de alimentação dos compactadores dos veículos foram cortados e isso tem gerado atrasos na coleta dos resíduos na cidade do Rio.
"A gente tem uma greve ilegal deflagrada. Essa noite, inclusive, o sindicato suspendeu a greve, deu uma trégua até segunda-feira. Mas essa greve que vem sendo reiteradamente declarada ilegal pela Justiça, vem trazendo pra rua manifestantes que estão atrapalhando o trabalho de quem quer trabalhar. Em alguns momentos, a gente tem os caminhões com o cabo de compactação cortado. Isso significa que o compactador para de funcionar e inutiliza o caminhão, a gente precisa voltar pra base, trocar o caminhão ou um vidro, porque as vezes ele é quebrado, e isso vem atrasando bastante a coleta dos lixos na cidade. A gente consegue realizar a coleta, mas ela fica atrasada. Hoje temos um pouco mais de 20 casos de caminhões que estão na garagem por conta disso", afirmou Lopes, em entrevista ao 'Bom Dia Rio', da TV Globo.
O presidente da Comlurb ainda disse, que na noite desta quinta-feira, a companhia conseguiu uma ordem de restrição para que alguns manifestantes não cheguem a 50 metros de nenhum caminhão ou da gerência para evitar novas sabotagens.
"Temos boletim de ocorrência na Justiça, temos pessoas que foram detidas por conta de organizar este tipo de movimento, até mais de uma vez. E a gente está contando com a ajuda da polícia para garantir esta operação", contou o presidente, que também ressaltou que a companhia ainda precisa de escolta para o recolhimento de lixo. Em nota, a companha disse que segue seu plano de contingência, leia a íntegra:
" A Comlurb informa que mantém seu plano de contingência em andamento e está fazendo um grande esforço para minimizar os prejuízos à população por conta da greve ilegal dos garis e dos transtornos causados pelas fortes chuvas que caíram na cidade desde a noite desta quinta-feira (31/03). A Companhia está priorizando os serviços essenciais como a coleta domiciliar e a limpeza de feiras, escolas e hospitais. Embora com algum atraso por conta de registro de sabotagem de caminhões e a necessidade de escolta de pessoal e equipamentos, a coleta domiciliar vem sendo feito com o apoio das medidas de contingência, incluindo a contratação de mão de obra terceirizada.
Todas essas ações representam um alto custo para a Companhia, além de mobilizar pessoal da área de segurança, como a Guarda Municipal (GM) e a Polícia Militar (PM), que poderia estar atuando na proteção à população da cidade. Mais de 20 caminhões que tiveram o cabo de alimentação do compactador cortados por manifestantes de má fé estão parados nas garagens, atrapalhando o serviço daqueles que desejam continuar trabalhando, que é a grande maioria. A Companhia registrou boletim de ocorrência dos casos de sabotagem e analisa ainda as medidas cabíveis contra aqueles que promoveram algum tipo de agressão, ameaças e danos ao patrimônio.
A Justiça já concedeu uma ordem de restrição para manter pessoas do movimento identificadas com esse comportamento criminoso a uma distância de 50 metros de caminhões e gerências da Companhia. A Comlurb agradece aos garis que continuaram trabalhando e lembra da importância para a cidade do Rio do retorno ao serviço daqueles que aderiram à greve ilegal. Lembrando que o movimento vem sendo reiteradamente considerado ilegal pela Justiça do Trabalho. A Comlurb pede a colaboração da população nesse período, respeitando dia e horário da coleta, se possível dispondo o lixo na hora em que o caminhão estiver realizando o serviço.”
O prefeito Eduardo Paes, explicou que, diante da paralisação dos garis, foi montado um plano de contingência que prioriza a coleta domiciliar e a limpeza de feiras, escolas e hospitais.
"Nesse tipo de situação, nossa prioridade é a coleta de lixo domiciliar. Então, mesmo com atraso e problemas, conseguimos manter isso. Óbvio que não é uma situação normal, é uma situação crítica. Na coleta do lixo domiciliar, estamos mantendo praticamente 100%, com alguns atrasos. Não é o ideal, mas a coleta domiciliar está relativamente bem", afirmou o prefeito, em entrevista o 'Bom Dia Rio'.
Eduardo Paes disse que a prefeitura está disposta a negociar com a categoria, mas que não fará nenhuma ação que coloque em risco as contas do município. "A greve é um direito do trabalhador. A gente só condena atos de grupos mais violentos que fazem piquetes, que agridem, que tentam sujar a cidade. Isso é muito ruim. Mas isso é uma minoria. Claro, eles podem cobrar. Por mim, daria 200% de aumento aos garis. Mas vamos dar sempre aquilo que podemos pagar. Temos que ter equilíbrio. Eu faço gestão e conheço as contas da prefeitura".
Greve paralisada
O presidente do Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco-Rio), Manoel Meireles, comunicou por áudio à categoria que a greve na Comlurb está suspensa até a zero hora de segunda-feira (4). Na tarde desta quinta-feira, os garis haviam anunciado que continuariam em greve. A decisão foi votada em uma assembleia da categoria, que já estava de braços cruzados há quatro dias.
Proposta apresentada

A proposta sugerida pelo sindicato dos garis na Audiência TRT/RJ previa reajuste salarial de 6% em março, 2% em agosto e cerca de 2% em novembro, além de reajuste de 3% no tíquete alimentação. Também está proposta, a compensação dos três dias de greve, sem desconto.

Os demais pontos da proposta incluem adicional de Insalubridade para Agentes de Preparo de Alimentos (APAs), que são as funcionárias da Comlurb que fazem merendas nas escolas da prefeitura, em 20% retroativo a janeiro 2022; conclusão do Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS), retroativo a janeiro de 2022 e o Pagamento de PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

Antes da última rodada de negociações, a categoria pedia um reajuste de 25% nos salários e 25% no tíquete alimentação, a conclusão do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Além da implantação do Adicional de Insalubridade para os Agentes de Preparo de Alimentos (APAs), que são as funcionárias que fazem merendas para as escolas do município.

De acordo com o sindicato, a legislação está sendo respeitada. Segundo os sindicalistas, apenas um contingente mínimo continuará trabalhando, uma vez que a coleta de lixo é um serviço essencial para a cidade. As coletas em hospitais, feiras livres e escolas também serão mantidas.
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