Publicado 21/05/2022 14:07
Rio - O caso de Cíntia Mariano Dias Cabral, presa nesta sexta-feira por suspeita de envenenar os enteados com chumbinhos em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, poderá ganhar novos contornos. A Polícia Civil vai investigar se as mortes do ex-marido de Cíntia e de uma vizinha, que também faleceram repentinamente, estão relacionadas. A instituição ainda não divulgou detalhes do inquérito. O delegado Flávio Rodrigues, titular da 33ª DP (Realengo), ainda quer ouvir os funcionários do hospital que atendeu os enteados da mulher e o celular dela vai passar por uma perícia. fotogaleria
Segundo a primeira investigação, em março deste ano, Cíntia teria envenenado a enteada Fernanda Carvalho de 22 anos. Ela chegou a ficar internada por 12 dias, mas não resistiu. No último domingo, o irmão da jovem, de 16 anos, apresentou sintomas semelhantes. Bruno começou a passar mal depois de um almoço na casa da madrasta. Ele contou ter comido um feijão amargo e com pedrinhas azuis. O rapaz ficou internado por quatro dias no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, tendo sido constatado 'quadro de intoxicação exógena, causado por substâncias químicas', segundo a polícia.
Os investigadores agora querem saber se o ex-marido e a ex-vizinha de Cíntia também podem ter morrido em circunstâncias semelhantes e por ação da acusada.
Envenenamento de enteados
Membros da família e amigos chegaram a acreditar que a morte de Fernanda teria acontecido por causas naturais. "Ela faleceu em março e ninguém desconfiava de que seria envenenamento. No domingo, o irmão dela teve os mesmos sintomas que ela depois de almoçar na casa do pai. Foi parar no hospital, ficou internado e descobriram que ele tinha sido envenenado. Parece que ele viu um negócio azul no feijão", disse uma amiga da família que preferiu não se identificar.
A mãe dos dois, Jane Carvalho, afirmou nas redes sociais, que houve negligência por parte dos médicos quando Fernanda foi internada. "Me recordo que, no terceiro dia, perguntei ao médico se ela não tinha sido envenenada. Mãe sente, mãe vem da alma quando ela quer salvar suas crias. Eles disseram que não, inclusive foram negligentes ao dizer que fizeram o exame toxicológico nela, o que não foi feito. No hospital, nem é feito esse exame. Não imaginávamos nunca que isso teria sido um homicídio", relatou Jane.
Apesar de na delegacia ter se mantido em silêncio, Cíntia teria confessado a um filho biológico dela, segundo a polícia, que de fato teria colocado veneno na comida dos dois enteados. Com isso, os agentes concluíram que a mulher teria provocado a morte de sua enteada bem como teria tentado matar o adolescente.
Postagens pedindo orações e tentativa de suicídio
Fernanda morava com o pai e a madrasta há cerca de um ano, em uma casa em Padre Miguel. Cintia postou em redes sociais vídeos em que desejava a melhora no estado de saúde da enteada.
Em um dos vídeos postados, que foi obtido por O DIA, membros da família aparecem ao som de uma oração. "Todos familiares amigos a sua espera. Força Nana, todos por você sempre", afirmou a madrasta na legenda. Em outro, ao som de uma música gospel, Cíntia pediu a recuperação da jovem. "Você vai vencer. Eu creio", disse.
A suspeita do envenenamento foi levantada pela mãe dos jovens, que registrou o caso na 33ª DP (Realengo). Com a denúncia do caso, investigadores foram até a casa de Cíntia e recolheram o feijão para análise, mas antes do resultado do exame, na quinta-feira (19), a madrasta tentou se matar. Levada ao hospital, ela teve a saúde restabelecida e foi levada para a delegacia para prestar depoimento, quando teve sua prisão decretada por suspeita de homicídio qualificado da enteada.
De acordo com o delegado, a motivação do crime seria ciúmes do relacionamento do marido com os filhos. O advogado de Cíntia Mariano disse que só vai se manifestar após tomar conhecimento dos autos do inquérito.
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