Publicado 15/06/2022 17:21
Rio - Um dia depois de a Justiça atender ao pedido do Ministério Público e prorrogar por mais 30 dias a prisão temporária de Cíntia Mariano Dias Cabral - a madrasta suspeita de envenenar os enteados Fernanda e Bruno Cabral -, a advogada Marcela Fernandes disse que a família dos jovens recebeu a notícia com muito alívio.
"Ela conhece toda a rotina do Bruno, sabe os horários de escola, tudo. Então, eles têm preocupação, claro, caso ela saia, do que ela solta é capaz de fazer. Ela continuar presa é um alívio para todos", afirmou Marcela.
Segundo a advogada, a expectativa é de que em breve seja decretada a prisão preventiva de Cíntia Mariano. "Esperamos que aconteça em breve, pois existem vastos elementos probatórios".
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) comprovou que Bruno Carvalho Cabral, de 16 anos, foi envenenado por chumbinho pela madrasta Cíntia Mariano. O exame laboratorial do lavado gástrico de Bruno "revelou a presença de quatro grânulos esféricos diminutos, de tamanhos variados, de coloração variando de azul escuro a preto. Essa forma de apresentação pode sugerir a ingestão de um produto comercializado clandestinamente como raticida, popularmente conhecido como 'chumbinho'", diz um trecho do laudo.
Pela rede social, Jane Cabral, mãe dos meninos, comemorou a notícia da prorrogação da prisão temporária: "A tua justiça é eterna e a tua lei é a verdade. Salmo 119:142. A confirmação que eu, meu filho e todos nós já sabíamos. Meu filho, que sofreu na pele todo o processo e teve a chance de renascer. Chance essa que a minha filha amada não teve. Minha Princess tão pura, tão cheia de luz, tão inocente, tão alegre, só fazia o bem. Quanto repúdio a essa MONSTRA, um ser do mal. E ainda tem gente tentando botá-la na rua novamente. Não foi a sua filha né, queridos advogados".
O advogado Carlos Augusto Santos, que representa a madrasta dos jovens, Cíntia Mariano, considerou equivocada a decisão de prorrogar a prisão de sua cliente e questiona o laudo: "Continuamos com a mesma opinião de que a prisão, desde o início, foi precipitada e equivocada. Ela solta não interferirá em nada nas investigações. E o laudo não afirma que foi encontrada substância tóxica. Está escrito é que foi sugestivo. Perito não tem que sugerir, nada. Tem é que afirmar ou negar que encontrou ou não tal substância. Por tudo isso, vamos continuar tentando sua soltura", afirmou o advogado.
Segundo ele, Cíntia Mariano em momento nenhum se disse culpada pela morte de Fernanda e pelo envenenamento de Bruno. "Cíntia nunca me disse que foi ela. Minha cliente se declara inocente. Ela também nega que tenha dito ao filho biológico que fez isso. Já entramos com pedido de habeas corpus e acreditamos que ela vá conseguir provar sua inocência".
O delegado Flávio Ferreira, da 33ª DP (Realengo), que comanda as investigações sobre o caso, disse que ainda aguarda o resultado da análise feita no corpo de Fernanda após a exumação do cadáver, mas em relação ao caso de Bruno, afirma: "Com o resultado do laudo, foi encerrada a investigação e atribuída a autoria a Cíntia Mariano. Agora, é esperar a análise da exumação feita no corpo de Fernanda para seguir com as investigações sobre a morte da jovem", diz o delegado.
Atualmente, Cíntia Mariano está presa no Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica.
Envenenados
Em março deste ano, Cíntia Mariano teria envenenado a enteada Fernanda Carvalho, de 22 anos. A jovem chegou a ficar internada por 12 dias, mas não resistiu. No início de maio, Bruno, de 16 anos, irmão de Fernanda, apresentou sintomas semelhantes. O rapaz começou a passar mal depois de um almoço na casa da madrasta. Ele contou ter comido um feijão amargo e com pedrinhas azuis. Bruno ficou internado por quatro dias no Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, onde foi constatado 'quadro de intoxicação exógena, causado por substâncias químicas', segundo a polícia.
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