Publicado 15/06/2022 16:46 | Atualizado 17/06/2022 14:52
Rio - Moradores do Condomínio Leme II, em Santa Cruz, na Zona Oeste, onde uma caixa d'água desabou sobre um dos prédios na manhã desta quarta-feira (15), alegam que as autoridades responsáveis pelo empreendimento e pelo resgate das vítimas não prestaram o devido atendimento a todos os atingidos pelo acidente. O conjunto de edifícios faz parte do programa Minha Casa Minha Vida, da Caixa Econômica Federal.
A queda atingiu o bloco oito, que conta com 20 apartamentos, e arrancou a laje e lateral do edifício, danificando totalmente uma das casas. O prédio foi interditado preventivamente pela Defesa Civil logo após o acidente e a Prefeitura do Rio se responsabilizou em ajudar os moradores que ficaram desabrigados. A água do reservatório causou uma enchente no condomínio e alagou diversos apartamentos em volta.
A queda atingiu o bloco oito, que conta com 20 apartamentos, e arrancou a laje e lateral do edifício, danificando totalmente uma das casas. O prédio foi interditado preventivamente pela Defesa Civil logo após o acidente e a Prefeitura do Rio se responsabilizou em ajudar os moradores que ficaram desabrigados. A água do reservatório causou uma enchente no condomínio e alagou diversos apartamentos em volta.
Débora Cristina, de 39 anos, mora no Condomínio Leme II com sua família, mas em apartamentos diferentes. Segundo ela, a casa de sua mãe, onde vive também o irmão cadeirante, localizada no bloco sete, foi uma das atingidas pela enchente. Segundo ela, como o imóvel não foi acertado diretamente pelos destroços, sua mãe não teve nenhuma assistência da prefeitura.
"A enchente foi na casa da minha mãe e lá tem um cadeirante, que é meu irmão. Aconteceu no quarto dele. Ele perdeu televisão, fralda descartável que ele usa, a cadeira de rodas, a cama, e ele não pode dormir no chão. Ele ficou cheio de lama, perdeu ar-condicionado, perdeu tudo. Foi uma coisa que eu nunca vi na minha vida, uma tragédia". Débora ainda afirmou que tentou buscar ajuda com os agentes da Prefeitura do Rio, que estavam no local, mas não teve sucesso.
"Eu não sei o que a gente vai fazer, porque eles falaram que pode dar (auxílio) só para as pessoas que perderam a casa. Agora a gente não sabe o que fazer, porque a gente locomove ele e com a cadeira. Ele não tem cadeira mais, ele não tem fralda, ele não tem nada. E ai complica né?" desabafou.
Segundo a subprefeitura da Zona Oeste, 18 famílias moram no prédio, localizado na Estrada Aterro do Leme, no bairro Jesuítas. Ao todo, 58 pessoas ficaram desabrigadas com o incidente e serão assistidas pela prefeitura com o aluguel social até que o local seja recuperado. Ainda segundo a subprefeitura, a construtora Direcional, responsável pelo condomínio, foi acionada e fará os reparos necessários, tanto na caixa d'água, quanto no bloco atingido.
Michelle Xavier Rodrigues, de 39 anos, ficou ferida durante a queda da caixa d'água, que atingiu sua janela enquanto dormia. A mulher é moradora do segundo andar do bloco 8 e contou ao DIA que o susto foi grande: a mulher só conseguiu pegar uma mochila e sair correndo de casa.
"Eu estava segundo andar, na direção de onde o reservatório caiu, e eu só não fui atingida porque pegou o primeiro andar. Minha cama estava embaixo da janela, eram oito horas, mais ou menos, a minha mãe estava na sala e eu escutei um estalo e a caixa d'água caiu. E aí estourou janela, o vidro, tudo em cima de mim, com água, com tudo e a minha mãe gritando, me chamando para sair do quarto, eu saí, só peguei minha bolsa que estava no chão e saí do apartamento. Eu estou com as pernas toda estilhaçada e ainda não fui medicada. O bombeiro só olhou, falou que tinha que lavar com água e sabão, mas tem alguns ferimentos que estão um pouquinho profundos, eu acho que eu vou ter que fazer uma sutura", contou.
Para Michelle, vivenciar tudo aquilo foi uma experiência traumática e desesperadora. "Foi uma sensação de morte, sensação de perdas, desespero, eu não sabia o que estava acontecendo, se o apartamento estava caindo, o porquê daquela enxurrada de água. Depois que a gente saiu, que a gente viu a dimensão do que que foi". Ainda de acordo com seu relato, a Prefeitura teria oferecido duas possibilidades de assistência aos moradores do prédio atingido: o aluguel social ou o abrigo em um hotel.
Inicialmente, os bombeiros tinham divulgado que somente uma pessoa, identificada como Marcela Ferreira, de 31 anos, teria sido atingida por estilhaços da caixa d'água. Marcela teve ferimentos na perna e foi levada para um hospital.
Marceila Calheiros, de 45 anos, também é moradora do bloco oito e vive com seu filho, que é autista. Apesar de não ter sido atingida diretamente por estilhaços, ela expôs que a situação foi um grande trauma para seu filho.
"Eu estava dormindo no momento, quando eu escutei um estouro muito grande e aí fui até o quarto do meu filho para pegar ele. Depois, vi que a minha porta estava praticamente estufada, por conta da pressão, e estava alagando tudo já, estava com muita água o apartamento. Foi um susto bem horrível, uma experiência horrorosa. E fomos descendo a escada toda cheia de água, os pertences das pessoas tudo boiando, porque a água estava carregando. Meu filho está com trauma, ele tem déficit de atenção, tem autismo, então ele tá em choque", disse.
A Caixa Econômica Federal, responsável pelo empreendimento, informou que o Residencial Aterrado do Leme II, contratado no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, foi construído e entregue pela Direcional Engenharia, em fevereiro de 2014. O banco também disse que acionou a construtora para adotar as medidas emergenciais necessárias, bem como enviou equipe técnica própria para verificação e acompanhamento da situação. A Caixa ainda destacou que, na condição de representante do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), acompanha a solução adotada para apoio imediato aos moradores do empreendimento e a identificação das causas do ocorrido.
De acordo com a Direcional Construtora, responsável pela construção do prédio, assim que foram informados da situação com a queda de um equipamento sobre uma edificação construída pela empresa, a companhia enviou equipes ao local. A empresa também destacou que independentemente das responsabilidades de manutenção envolvendo o empreendimento, entregue há cerca de oito anos e com carência encerrada em 2019, está prestando assistência aos moradores e realizando avaliações técnicas sobre o prédio atingido. A caixa d'água, fabricada por empresa terceira, passará por perícia técnica e a causa do problema está sendo investigada.
Além disso, destacou que o prédio tem 20 unidades residenciais, sendo duas não ocupadas. "A companhia ofereceu hospedagem em hotel na região para todos os moradores do bloco. Algumas famílias já aceitaram. A companhia também catalogou e registrou, junto aos respectivos proprietários, os danos aos carros atingidos no estacionamento", afirmou em nota.
Ao DIA a Polícia Civil afirmou que o caso foi registrado na 36ª DP (Santa Cruz). Disse ainda que os agentes ouviram o síndico do prédio e os engenheiros responsáveis pela obra e que a perícia já foi realizada no local.
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