Publicado 24/06/2022 12:42
Rio - Devastados. É assim que a irmã de Lucas Mendes, de 26 anos, o motorista de aplicativo encontrado morto na comunidade Rio das Pedras, na quinta-feira (23), descreve o sentimento da família ao falar sobre a morte do jovem. Na manhã desta sexta (24), ela, a mãe e os três irmãos estiveram no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Centro, para o reconhecimento e liberação do corpo. Lucas estava desaparecido desde o último sábado, dia 18.
"É uma dor enorme passar por isso. Estamos todos devastados. Se eu, como irmã, estou sofrendo, imagina a minha mãe. Nenhuma mãe espera enterrar um filho. Não é a lei natural das coisas. É uma dor absurda, uma violência enorme", diz a irmã mais velha de Lucas, Myrna Mendes, de 35 anos.
Segundo ela, a família ainda está esperando os trâmites burocráticos para a liberação do corpo. Por isso, ainda não definiram o local do enterro: "A gente queria enterrar hoje, mas pela hora, acredito que a gente só consiga, amanhã".
Sobre a morte brutal do irmão, Myrna afirma que prefere aguardar o trabalho da polícia. Descreve Lucas como um rapaz calmo, batalhador e diz que espera por justiça: "Todo mundo tem medo da violência, mas a gente nunca espera que ela chegue até nós. Não sei o que aconteceu, só sei que eu e toda a família, nós queremos respostas. Acredito na polícia. Assim como fizeram um bom trabalho encontrando logo o corpo, espero que cheguem logo aos culpados, também".
Motorista de aplicativo
Lucas trabalhava como promotor de eventos. Com a pandemia, teve que se virar com outras oportunidades e passou a ser motorista de aplicativo. Rodava em média de 10 a 12 horas para poder tirar uma renda melhor. Costumava sair de casa no início da tarde e, em geral, mantinha contato com a mãe por mensagem, pra tranquilizá-la. "Minha mãe ficava sempre com o coração na mão. Coisa de mãe, né? Mas é isso, reflexo da violência que a gente vive. Com o aumento dos combustíveis e a crise toda que estamos vivendo, ele passou a rodar até 12 horas por dia pra poder ter um retorno maior. Ele era assim, batalhador".
A irmã conta que não sabe o que aconteceu com Lucas. Também afirma que a família desconhece o tal amigo Gabriel, que teria saído com Lucas para comprar ouro. Segundo as investigações da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) da Polícia Civil, o celular de Lucas foi desligado na Rua da Chácara, na Tijuquinha, Zona Oeste do Rio, depois de ele ter mandado uma mensagem para o amigo dizendo: "Deu ruim".
"Não conheço, nunca ouvi meu irmão falar esse nome lá em casa. Mas a família prefere se preservar. Não vamos comentar o caso. Está nas mãos da polícia e confiamos que será feito um bom trabalho", disse Myrna, falando que a família, agora, quer um pouco de privacidade para vivenciar o luto. "Obrigada a todo que querem ajudar, mas é que é mesmo muito devastador lidar com tudo isso. E prefiro preservar o nome da minha mãe e de meus irmãos".
O desaparecimento
O desaparecimento
A última vez em quem Lucas foi localizado foi no sábado (18), na Rua da Chácara, na Tijuquinha, Zona Oeste do Rio. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros começou a investigar o caso e, na quinta-feira, encontrou o corpo de Lucas enterrado num terreno, numa área de mata da favela de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações seguem em andamento para identificar a autoria e a motivação do crime.
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