Publicado 13/07/2022 16:00
Rio - Familiares e amigos se despediram de Marcielly Araújo, de 29 anos, vítima de feminicídio, na tarde desta quarta-feira, no Cemitério do Pechincha, na Zona Oeste do Rio. Estarrecida com a forma cruel que a filha foi morta pelo namorado Glauber Moraes do Nascimento, 29, na madrugada de segunda-feira (11), Maria Aparecida de Araújo lembrou que o homem havia prometido matar a filha. "Ele prometeu que ia matar ela e ele cumpriu. Eu já chorei tudo o que eu tinha para chorar, neste momento estou anestesiada", desabafa. Dezenas de pessoas compareceram ao sepultamento e, no momento do cortejo, uma cena chamou a atenção: o caixão foi carregado apenas por mulheres.
Marcielly foi encontrada morta, com sinais de estrangulamento, na tarde de segunda-feira (11). Glauber, considerado principal suspeito de cometer o crime, se entregou à Polícia Civil horas depois que o corpo foi localizado. Parentes da vítima dizem que na noite deste domingo (10) ela e o companheiro teriam discutido em uma festa. O homem já havia tentado matá-la em situações anteriores.
A mãe da vítima considera Glauber uma pessoa fria e agressiva com a mulher, mas com os outros aparentava ser um "bom rapaz". "Eu acreditei nele nos primeiros meses quando chegou na nossa família, mas depois não me enganou mais. Quando vi que era uma pessoa desse jeito eu passei a não acreditar mais nele. Cheguei a perguntar se ela [Marcielly] queria ajuda. Eu disse: "você quer mudar sua vida? Está sendo ameaçada?". Mas ela falou que não". Cida lembra também que Marcielly já havia denunciado Glauber à Polícia Civil anteriormente, mas logo retomaram o relacionamento.
O irmão mais velho da vítima, Fabiano Araújo, diz que ela chegou a prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Barra (DHC) em 2020 em decorrência da denúncia contra Glauber. "Na época ele entrou na casa dela e rasgou todos os pertences: cama, fogão… só não machucou ela porque na hora ela não estava em casa".
Menina alegre e com muitos sonhos
A família descreveu Marcielly como uma menina boa, alegre e com o sonho de ser nutricionista. "Ela era tão boa com os outros que acabou nisso. Ela tinha que ter mais amor a ela mesma. Uma vez perguntei o que ela queria fazer da vida e ela disse que queria fazer curso de nutrição e mais um outro curso. Então eu disse pra ela que tinha muita vida pela frente ainda. Mas não deu tempo", lamenta Maria Aparecida.
Fabiano também lembra que a irmã desejava mudar de vida e havia acabado de terminar o ensino médio. "De um tempo para cá ela resolveu estudar, estava procurando um trabalho, prometeu para minha mãe que ia mudar, mas infelizmente não deu tempo. Era uma tragédia prevista, mas não conseguimos impedir".
Prisão de Glauber
Para Fabiano, a prisão do criminoso não alivia a dor neste momento. "Não aliviou porque a gente não sabe se ele vai ter a pena adequada. Vai aliviar quando ele tiver uma pena dura, que ele fique lá e pague pelo crime que ele veio a cometer, aí sim vamos ter um descanso. queremos que a justiça seja feita para que ele não possa fazer isso com outras mulheres", disse.
A mãe de Marcelly conta que justiça nenhuma vai trazer a filha dela de volta. "Não tem justiça que tape isso, já está feito, a tragédia já está feita".
*Colaborou: Sandro Vox
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.