RJ - Gabriel Monteiro durante audiência na Câmara dos vereadores, no Centro do Rio de Janeiro, nesta quinta (18).Sandro Vox/Agência O Dia
Publicado 19/08/2022 09:31
Rio - O Diário Oficial da Câmara de Vereadores desta sexta-feira (19) publicou a cassação do agora ex-vereador Gabriel Monteiro por quebra de decoro parlamentar devido a acusações de estupro, assédio sexual e vídeos forjados para a internet. A decisão pela extinção do mandato se deu em votação na noite desta quinta-feira (18) com placar de 48 a 2. Apesar da perda, Gabriel ainda pode concorrer nas eleições deste ano, o que já foi contestado pelo Psol, dia 5 de agosto, na Justiça Eleitoral.
O Diário Oficial da Câmara de Vereadores do Rio oficializa a perda do mandato de Gabriel Monteiro por quebra de decoro parlamentar - Reprodução
O Diário Oficial da Câmara de Vereadores do Rio oficializa a perda do mandato de Gabriel Monteiro por quebra de decoro parlamentarReprodução
Em sessão tensa que se arrastou por horas e contou com torcida para ambos os lados nas galerias da Câmara, Gabriel Monteiro foi cassado pelos vereadores com um placar de 48 a 2, quando apenas 2/3, ou seja, 34 votos, eram necessários. A favor de Gabriel votaram, somente, o próprio agora ex-vereador e Chagas Bola, do União Brasil, que foi eleito o primeiro suplente do PSL na última eleição e assumiu em abril no lugar do ex-vereador Rogério Amorim (PSL-RJ), que licenciou-se para assumir a Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor. Bola é amigo pessoal de Monteiro e fez discursos defendendo o ex-parlamentar durante todo o processo que culminou na cassação.
A única abstenção ficou por conta de Carlos Bolsonaro, do Republicanos, que pediu licença não remunerada para trabalhar na campanha de reeleição do pai, o presidente Jair Bolsonaro.
Telão na Câmara de Vereadores do Rio mostra os votos de 48 parlamentares que decidiram pela cassação do mandato de Gabriel MonteiroReprodução
Apesar da perda do mandato, como a cassação se deu depois do prazo para registro de candidatura, o youtuber conseguiu fazê-lo com toda documentação lícita e está, até o presente momento, apto para concorrer a uma das vagas para deputado federal nas eleições de outubro.
Gabriel Monteiro é réu em dois processos criminais. Em maio, ele passou à condição depois que a Justiça aceitou a denúncia feita em abril pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) por filmagem feita por ele de relações sexuais com uma adolescente. No final de junho, o MPRJ também o denunciou por importunação sexual e assédio sexual. Nesse caso, a investigação apurava os possíveis crimes contra a ex-assessora do parlamentar Luiza Caroline Bezerra Batista, de 26 anos.
Como os processos a que responde ainda não foram julgados, Monteiro segue sendo ficha limpa, outra condição para concorrer a um cargo público.
Elegibilidade contestada
O Partido Socialismo e Liberdade (PSol-RJ) protocolou uma notícia de inelegibilidade contra o candidato Gabriel Monteiro no Tribunal Regional Eleitoral. Segundo o partido, a cassação do mandato de vereador causa inelegibilidade, impedindo-o de concorrer nas eleições. Monteiro chegou a registrar sua candidatura a deputado federal pelo PL e, como a dos demais candidatos, encontra-se com registro pendente, esperando a análise da legalidade pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o que ocorrerá até o dia 12 de setembro.
Em nota, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que não se manifesta acerca de casos que poderão vir a ser julgados pela Corte, somente nos autos de um eventual processo. E reforçou,que uma eventual análise do caso pode vir a ser feita pela Justiça Eleitoral somente após o Tribunal Regional Eleitoral - RJ (TRE-RJ) fazê-la anteriormente.
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