DHBF e Corpo de Bombeiros fazem buscas por jovens desaparecidos em Nova IguaçuMarcos Porto/Agência O Dia
Publicado 20/08/2022 17:13
Rio - Dor no peito, desmaio, falta de sono e apetite: esses são os sintomas de Ana Maria Costa, de 40 anos, de não saber o paradeiro de seu filho, Matheus Costa da Silva, 21. De acordo com Ana, ela e os familiares dos jovens que desapareceram na última sexta, 12, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, só estão sabendo das notícias por meio da imprensa, não pela polícia. Segundo a Polícia Civil, a investigação está em andamento no Setor de Descoberta de Paradeiros da DHBF e corre sob sigilo.
"Não está sendo fácil, é muita dor. Só tenho notícia através das reportagens e eu tinha esperança de que eles fossem encontrados ontem. Infelizmente, não acredito mais que eles estejam com vida", disse Ana. "Meu coração e de todos da família estão despedaçados. Eu só desejo que encontrem logo eles. A dor só aumenta, está acabando comigo", completou.
Ana contou que o maior sonho de Matheus era ter um estúdio gráfico. Ele trabalhava como pintor, mas também mexia com design gráfico e fazia alguns trabalhos na área. Desde o ocorrido, Ana, que trabalha fazendo faxina, não teve mais psicológico para continuar sua rotina e parou tudo. "Só consigo suportar essa saudade dele todo dia a base de remédios. Minha alegria acabou, não tenho forças para nada, é muita angústia e sofrimento", declarou. "Meu filho era maravilhoso e carinhoso. Um menino alegre e de coração puro, gostava muito de ajudar as pessoas. Meu filho era minha vida, era tudo pra mim, por onde ele passava deixava amor porque todos gostavam dele", completou ela.
Matheus morava com a mãe e as duas irmãs. De acordo com Ana, ele sempre que podia ia ver seus amigos. "Ele era um bom filho, um bom irmão, um bom neto, um bom sobrinho e um bom amigo. Todos os dias procuro notícias deles, não durmo direito, não como. Minha vida parou desde que ele desapareceu", finalizou.
De acordo com a delegada titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Ana Carolina Lemos, responsável pelo caso, as buscas foram feitas após o recebimento de uma denúncia pela especializada.
Em Cabuçu, nenhum vestígio foi encontrado. 
Milícia envolvida
Na manhã deste sábado, 20, quatro suspeitos de integrar a milícia de Danilo Dias Lima, o Tandera, morreram durante um confronto com a Polícia Civil em Nova Iguaçu. Entre os mortos está Delson de Lima Neto, o Delsinho, irmão do miliciano. De acordo com as investigações, o irmão de Tandera ocupa uma função de liderança dentro da organização criminosa e é apontado como o número 2 do grupo.
Na ação, além de Delsinho, outro homem apontado como miliciano, identificado como Renato Alves Santana, o Fofo, que ocupa a terceira posição no grupo paramilitar, e mais dois suspeitos, que seriam seus seguranças, identificados como Tizil e Neguinho, foram mortos.
A operação foi realizada por policiais da Draco e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com o apoio da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e da 56ª DP (Comendador Soares). Segundo o delegado André, a ação teve ligação com o desaparecimento dos quatro jovens, já que informações do setor de inteligência da Draco apontam que Delsinho e Fofo seriam os autores dos homicídios dos rapazes.
"O setor de inteligência da Draco tem informações, que precisam ser checadas e confirmadas com aprofundamento investigativo, mas as preliminares que nós temos apontam que o Fofo e o Delsinho foram os executores da morte desses rapazes e que os corpos foram jogados no Rio Guandu", disse o delegado.
De acordo com ele, nenhum vestígio dos quatro jovens foi encontrado no sítio ou nas regiões próximas, mas acreditam que o local tenha sido onde os rapazes foram executados.
Leia mais