Fuzis, pistolas, granadas e roupas militares apreendidas no sítioDivulgação

Rio - Quatro suspeitos de integrar a milícia de Danilo Dias Lima, o Tandera, morreram na manhã deste sábado (20) durante um confronto com a Polícia Civil em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Entre os mortos está Delson de Lima Neto, o Delsinho, irmão do miliciano.

De acordo com a Civil, o irmão de Tandera ocupa uma função de liderança dentro da organização criminosa e é apontado como o número 2 do grupo.

Na ação, além de Delsinho, outro homem apontado como miliciano, identificado como Renato Alves Santana, o Fofo, que ocupa a terceira posição no grupo paramilitar, e mais dois suspeitos, que seriam seus seguranças, identificados como Tizil e Neguinho, foram mortos pela Polícia Civil.
O delegado da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), André Leiras, contou que a morte de Delsinho e Fofo foi uma grande perda para o grupo paramilitar, que vai precisar se reestruturar.
"É importante a gente frisar que a milícia está extremamente fragilizada, a princípio, especificamente, o Danilo Tandera, porque o irmão dele era o 02 da milícia e o Fofo o 03. Então foi um duro golpe na estrutura hierárquica da milícia e a polícia vai acompanhar essa sucessão e vai acompanhar atentamente todos os movimentos que ocorrerão a partir dessa neutralização", contou.
De acordo com a Polícia Civil, agentes da Draco foram recebidos a tiros de fuzil ao chegarem no local, causando um confronto. Foram apreendidos três fuzis, duas pistolas, carregadores, diversas munições e roupas militares. Há oito meses a quadrilha de Tandera era investigada, até que agentes da Draco chegaram ao sítio que era utilizado pelos milicianos, localizado próximo ao rio Guandu.
A ação foi realizada por policiais civis da Draco e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com o apoio da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e da 56ª DP (Comendador Soares). Segundo o delegado André, a ação teve ligação com o desaparecimento dos quatro jovens no bairro de Cabuçu, em Nova Iguaçu, já que informações do setor de inteligência da Draco apontam que Delsinho e Fofo seriam os autores dos homicídios dos rapazes.
"O setor de inteligência da Draco tem informações, que precisam ser checadas e confirmadas com aprofundamento investigativo, mas as preliminares que nós temos apontam que o Fofo e o Delsinho foram os executores da morte desses rapazes e que os corpos foram jogados no Rio Guandu", relevou.
O delegado ainda comentou sobre o modo de operar de Delsinho. "A gente também tem informações que o Delsinho é um uma pessoa extremamente violenta, comete muitas atrocidades contra suas vítimas e hoje a vida dele foi foi findada".
De acordo com ele, nenhum vestígio dos quatro jovens foi encontrado no sítio ou nas regiões próximas, mas acreditam que o local tenha sido onde os rapazes foram executados.
"Não foi encontrado nenhum vestígio. É um sítio que fica próximo ao rio Guandu, a gente acredita que provavelmente era um esconderijo temporário dele, mas as investigações vão ser aprofundadas para ser apurada a autoria desses crimes", contou.
Quatro jovens desaparecidos em Nova Iguaçu
No último dia 12 de agosto, os jovens Matheus Costa da Silva, de 21 anos, Douglas de Paula Pampolha dos Santos, 22, Adriel Andrade Bastos, 24 e Jhonatan Alef Gomes Francisco, 28, desapareceram enquanto estavam a caminho de um shopping em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com testemunhas, homens armados e encapuzados, que supostamente seriam milicianos, teriam interceptado o carro de aplicativo e os sequestrado.
 De acordo com a delegada titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Ana Carolina Lemos, responsável pelo caso, as buscas estão sendo feitas após o recebimento de uma denúncia pela especializada. "A DHBF está realizando buscas no Guandu, do caso dos desaparecidos, com apoio dos bombeiros, checando denúncias", disse ela.
No sequestro, o motorista do veículo também havia sido levado. Dias após o crime, ele foi localizado por agentes da Delegacia de Homicídios e confirmou o depoimento da outra testemunha do crime, dizendo que os rapazes foram levados, encapuzados, por possíveis milicianos.
Durante as buscas, Adilson Gomes Francisco, irmão de Jonathan, que estava na DHBF, mas sem acompanhar o andamento das investigações, disse não acredita que vá encontrar o irmão com vida, mas que queria poder enterrá-lo.
"Esperança nós não temos mais, o que nós queremos mesmo é tentar ter uma notícia, saber algo direto das autoridades. Porque tudo que vem para gente é boato, informações sem nenhum acerto. Então decidimos vir hoje aqui porque faz uma semana, para poder saber alguma notícia para tentar confortar o nosso coração, porque o que a gente quer mesmo é confortar o nosso coração, dar um enterro para os nossos parentes e colocar um ponto final nisso", desabafou.