Publicado 25/10/2022 19:42 | Atualizado 25/10/2022 20:36
Rio - A mãe e as irmãs do catador Luciano Macedo, morto durante ação do Exército que disparou mais de 80 tiros contra o carro de um músico e sua família, em Guadalupe, Zona Norte, serão indenizadas pela União. A 3ª Vara de Justiça Federal do Rio emitiu a sentença, nesta terça-feira (25), com o pedido de R$ 500 mil para a mãe e R$ 150 mil para cada uma das irmãs do catador.
De acordo com a sentença, o magistrado também determinou que a mãe de Macedo receba uma pensão no valor de dois terços do salário mínimo. Além disso, a família do catador será totalmente indenizada pelo que foi gasto com o funeral, tratamentos psiquiátricos e psicológicos.
A conclusão é de que os elementos probatórios colhidos durante toda a instrução do processo deixaram claro que a vítima foi morto pelos tiros disparados pelos soldados do Exército. "Demonstram, de forma inequívoca, que Luciano Macedo morreu em decorrência dos tiros disparados pelos militares do Exército, em uma situação na qual não tinha qualquer envolvimento prévio, única e exclusivamente, porque tentou ajudar uma família desesperada", informa um trecho da sentença.
Luciano foi executado no dia 7 de abril de 2019, em Guadalupe, quando tentava ajudar o músico Evaldo Rosa e a família a sair do carro que foi alvo de disparos dos militares. O músico também morreu no local. O veículo foi atingido por 80 tiros.
Dos 12 militares envolvidos na ação, oito foram condenados pela morte dos dois homens. O julgamento aconteceu em outubro do ano passado e levou mais de 15 horas. O tenente Ítalo da Silva Nunes, chefe da ação, recebeu pena maior e foi condenado a 31 anos e seis meses por duplo homicídio e tentativa de homicídio.
O músico Evaldo Rosa e a família - a mulher, o filho de 7 anos, o sogro e uma amiga - iam para um chá de bebê. Luciano chegou a ser socorrido com vida. Ele foi levado para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, onde permaneceu internado por 11 dias, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
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