Publicado 12/01/2023 13:02 | Atualizado 12/01/2023 19:13
Rio- Familiares de Ney Kayque Lourenço de Araújo, de 11 anos, baleado na cabeça no dia 13 de novembro, em Vilar dos Teles, em São João do Meriti, na Baixada, pedem por Justiça após o autor do crime confessar ter feito um disparo acidental ao carro da família. O depoimento do suspeito foi realizado há mais de um mês, mas segundo o pai do menino, Henrique Nóbrega, nada foi feito até esta quinta (12).
Ney Kayque ficou 29 dias internado e recebeu alta no dia 12 de dezembro. O garoto chegou na unidade com uma bala alojada na cabeça e precisou passar por cirurgia de emergência. Por pelo menos cinco dias, ele ficou internado em estado gravíssimo. De acordo com a direção do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, ele foi extubado quando seu quadro passou a ser considerado estável e transferido no dia 22 de novembro para o Hospital Caxias D’Or, em Duque de Caxias.
Ney Kayque ficou 29 dias internado e recebeu alta no dia 12 de dezembro. O garoto chegou na unidade com uma bala alojada na cabeça e precisou passar por cirurgia de emergência. Por pelo menos cinco dias, ele ficou internado em estado gravíssimo. De acordo com a direção do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, ele foi extubado quando seu quadro passou a ser considerado estável e transferido no dia 22 de novembro para o Hospital Caxias D’Or, em Duque de Caxias.
Após 10 dias do ocorrido, um homem, 47 anos, compareceu a 34ª DP (Bangu) e alegou que o disparo ocorreu de forma acidental e que ele só foi saber depois que havia atingido uma criança. Ele prestou depoimento e foi liberado em seguida.
Segundo o depoimento, no dia 13 de novembro, por volta das 20h, o suspeito estava em um bar que fica na Rua Rio de Janeiro, em Vilar dos Teles, próximo a sua residência, com alguns amigos, quando uma vizinha ou uma outra pessoa, que ele não se lembra, passou e disse teria sido vítima de roubo por suspeitos que estavam dentro de um veículo modelo Siena, depois disso, ele foi até sua casa, pegou sua arma de fogo e na companhia de seu filho saíram de carro, um Hyundai, modelo HB20.
Em seguida, ele contou que o filho assumiu a direção do veículo enquanto ele ficou no banco do carona na frente e ao passar pela Rua Waldinar Castanheira visualizou um carro, modelo Siena de cor preta com os vidros escuros, onde somente o vidro da janela esquerda traseira estava aberta, nesse momento ele mandou o filho acelerar e ir atrás do carro, pois queria abordá-lo. No entanto, na mesma rua, eles passaram por quebra-molas, em alta velocidade, e então a arma, que estava na sua mão direita, disparou, talvez pelo fato de estar com o dedo no gatilho.
Após perceber que sua arma havia disparado, ele alegou que ficou nervoso e determinou que seu filho fosse embora, não sabendo que teria acertado qualquer passageiro. Apenas no dia seguinte, um conhecido foi até sua casa e informou que a criança foi atingida, ele conta que ficou nervoso ao saber do ocorrido e com medo de sofrer represálias, mesmo não recebendo nenhuma ameaça, se mudou do bairro.
O suspeito disse ainda que escondeu a arma mas prometeu levar na delegacia, ele informou que trabalha como auxiliar de serviços gerais e vigia durante a noite, que tem cinco filhos, sendo três maiores de idade e dois menores, além de uma neta que depende do seu sustento, que paga pensão que vem descontada no seu contra cheque.
Para a família de Kayque, no entanto, nada justifica e Justiça deve ser feita.
"A polícia não deu nenhuma satisfação, eles vieram buscar meu filho no dia 13, fez a perícia no IML com o médico legista e mais nada. Já se passaram 45 dias e nada de prisão preventiva. É uma injustiça! Estamos à mercê dos bandidos!", contou o pai de Ney, Henrique Nóbrega.
O pai conta ainda sobre o medo de sair na rua e acusa o autor do crime de ser miliciano.
"A família toda está indignada com tudo, com a polícia, com o governo que promete segurança, mas nem assistência estamos tendo, nada! É tudo por nossa conta, ver as sequelas, ver meu filho chorar por não poder jogar bola, soltar pipa nas férias, ficar com os colegas, é difícil! São noites sem dormir, cansaço extremo e uma dor que acaba com a gente. A polícia tem a faca e o queijo não mão, e o que falta? O cara já tem duas passagens, confessou, tem uma arma não cadastrada e o que falta?", questionou.
Henrique desabafou ainda que a avó está com depressão e a família não sabe mais como lidar com tudo isso, mas que apesar das circunstâncias, o menino está evoluindo na recuperação.
"Está sendo difícil, mas bem produtivo, ele já anda com dificuldade. Mas chora por não fazer as coisas, ele toma susto quando escuto bomba, fogos ou trovões, é bem complicado, tem que ficar de olho, pois ele se joga no chão. E a cabeça dele ainda precisa pôr a parte do crânio que está sem, pôr uma prótese", contou.
Henrique que é técnico em enfermagem contou ainda que está afastado do trabalho fazendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico com a mãe e os irmãos para conseguirem lidar com a situação.
Relembre o caso
No dia 13 de novembro, Ney Kayque Lourenço de Araújo, de 11 anos, foi baleado quando voltava de carro de um aniversário com a sua família no bairro de Vilar dos Teles, em São João do Meriti, na Baixada Fluminense. Eles foram surpreendidos por outro veículo, que emparelhou e atirou contra o automóvel.
"Eles estavam voltando de um churrasco da avó do padrasto. No caminho, quando reduziram para passar por um quebra-molas, o homem no outro carro olhou, viu que o vidro estava abaixado, e simplesmente atirou", disse o pai do garoto. Segundo ele, a mãe do menino gritou que tinha uma criança e, em seguida, desmaiou. "O amigo do padrasto acelerou e levou meu filho para a UPA de São João de Meriti. Quando os médicos perceberam que se tratava de um caso grave, com perda de massa encefálica, transferiram para o Hospital Adão Pereira Nunes", contou
Procurada, a Polícia Civil respondeu que, de acordo com a 64ª DP (São João de Meriti), o inquérito policial foi concluído e encaminhado ao Ministério Público. Duas pessoas foram indiciadas por tentativa de homicídio.
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