Publicado 21/01/2023 13:42
Rio - Uma mulher reconheceu ser uma das vítimas do anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo, de 32 anos, após assistir a um vídeo em que aparece sendo abusada sexualmente pelo médico. O crime aconteceu em 2021, durante um procedimento cirúrgico, mas ela só soube que havia sofrido um estupro no mês passado, quando foi chamada para prestar depoimento na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), responsável pela prisão do estrangeiro, na última segunda-feira (26).
"O delegado me ligou, que eu teria que prestar um depoimento, eu estava sendo vítima, mas ele não me falou por telefone. Foi aí que eu fui na delegacia e assisti ao vídeo e vi que era eu. Sim (eu me reconheci), porque aparece meu rosto todo", afirmou a vítima, em entrevista ao 'RJ1' da TV Globo. As imagens do abuso foram registradas e armazenadas no próprio celular do anestesista e usadas como prova para a prisão dele.
O advogado da vítima, Sandro Rocha, contou, também em entrevista ao 'RJ1', que vai pedir o prontuário do hospital. "Saber se todos os procedimentos adotados no dia foram adequados, assim como o início do procedimento, quem foi que realizou, quem assinou no final do procedimento, a dosagem da medicação, se foi correta", esclareceu a defesa.
Em depoimento, Andres assumiu que aguardava "a melhor hora" e aproveitava para esfregar seu pênis nas vítimas que, segundo ele, foram duas. Os casos ocorreram no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, na Região dos Lagos, em 15 de dezembro de 2020, durante uma cirurgia de laqueadura, e no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, em 5 de fevereiro de 2021, em um procedimento para retirada de útero.
O estrangeiro foi detido em casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, pelos crimes de estupro de vulnerável e por produção e armazenamento de aproximadamente 20 mil arquivos contendo imagens de abuso sexual envolvendo menores. A análise do material chamou atenção pela gravidade e quantidade, que incluíam até bebês recém nascidos. Ao longo da semana, a Dcav passou a ouvir testemunhas, entre elas, o chefe de Serviço de Anestesiologia do Hospital Universitário e a chefe da anestesia do Hospital dos Lagos.
A especializada também passou a apurar a possibilidade do anestesista ter feito uma terceira vítima, já que, na terça-feira (17), o pai de uma criança procurou a delegacia após saber da prisão do estrangeiro. O homem desconfia que sua filha, de apenas um ano, possa ter sido abusada, já que a bebê ficou sozinha com o médico em uma ocasião, após ele alegar que era um procedimento necessário.
O colombiano está em uma cela individual da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, atendendo à solicitação da juíza Mariana Tavares Shu, que manteve a prisão do médico durante audiência de custódia. Carrillo chegou ao Brasil em 2017, dois anos depois de ter se formado na Universidade de Magdalena, em Santa Marta, na Colômbia.
O anestesista fez residência médica em anestesiologia e, de acordo com o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), na época dos casos em que foi denunciado, não possuía CRM e atuava de forma irregular. No último dia 19, o Conselho anunicou que dará 15 dias para que o colombiano apresente defesa em relação aos crimes aos quais ele responde. O Cremerj também informou que está agilizando os trâmites para solicitar, de forma imediata, a interdição cautelar do registro do médico. Se finalizado o trâmite, Andres Carrillo não poderá realizar mais nenhum procedimento médico.
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