Andres Carrillo exibia sua rotina de trabalho nas redes sociais Reprodução/Redes sociais

Rio - O anestesista colombiano Andres Eduardo Oñate Carrillo, de 32 anos, acusado de estuprar pacientes e  armazenar cerca de 20 mil mídias de conteúdo pornográfico infantil exibia com orgulho a rotina da profissão nas redes sociais, posando ao lado de colegas de plantão. O homem, preso na manhã desta segunda-feira (16), em sua casa na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, também ostentava seu amor por armas. Em pelo menos três fotos publicadas ele aparece manuseando uma arma airsoft.
Andres também tem um relacionamento com uma mulher colombiana, que assim como ele, se mudou para o Brasil para exercer a profissão de medicina. Em publicações com textos românticos, o homem acusado de estuprar pacientes sedadas, diz ter encontrada a sua companheira de "rotina e aventuras".
"A cada ano que passa fico mais convencido de que sempre tenho o maior presente! A mulher mais inteligente que conheço. Cheia de amor e ternura e forte quando precisa ser. Minha companheira nos momentos felizes e nos momentos difíceis ano após ano", se declarou Andres em uma viagem que o casal fez para Paris, na França.
Noivo desde setembro do ano passado, Andres chegou ao Brasil em 2017, dois anos depois de ter se formado na Universidade de Magdalena, em Santa Marta, na Colômbia. O anestesista fez residência médica em anestesiologia e, segundo o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) na época dos casos em que foi denunciado, ele não possuía CRM e atuava de forma irregular.
Um dos casos aconteceu no dia 15 de dezembro de 2020, no Hospital Estadual dos Lagos Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, Região dos Lagos, durante a realização de uma cirurgia de laqueadura. Em nota, o hospital afirmou que o médico deixou de atuar na unidade em setembro de 2021 e que colaborou com a Polícia Civil na investigação que levou à prisão do médico anestesista.

O segundo caso foi em 5 de fevereiro de 2021 em uma das salas de cirurgia do Complexo Hospitalar Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, da UFRJ, durante um procedimento para retirada de útero.
Em depoimento à polícia, ele confessou que aguardava "a melhor hora" e aproveitava para esfregar seu pênis nas pacientes. 
Mais pessoas podem ter sido vítimas
A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), responsável por deflagrar a Operação Sentinela, que terminou com a prisão de Carrillo, investiga se o preso apagou vídeos e fotos do seu celular e notebook que pudessem o incriminar. Os investigadores acreditam também que outras vítimas podem procurar nos próximos dias a polícia para denunciar o médico.
As investigações tiveram início em dezembro de 2022 a partir do compartilhamento de informações pelo Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil (Sercopi) da Polícia Federal e contou com apoio da Inteligência do 2º Departamento de Polícia de Área (DPA) da Polícia Civil.

Os agentes constataram que o médico mantinha armazenado em seus compartimentos eletrônicos milhares de arquivos contendo imagens de abuso sexual envolvendo crianças a adolescentes. A análise do material chamou atenção pela gravidade e quantidade de arquivos, que incluíam até bebês recém nascidos.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), o processo corre sob sigilo e a audiência de custódia de Andres Carrillo está prevista para acontecer na terça-feira (17).