Cris Silva esteve na delegacia nesta sexta Pedro Ivo/Agência O DIA

Rio - A influenciadora Cris Silva, 26 anos, vítima de abuso do radiologista Martin Gomes de Souza Neto durante a realização de um exame transvaginal em um clínica particular em Copacabana, na Zona Sul do Rio, compareceu novamente à 12ª DP (Copacabana), nesta sexta-feira (3), e pediu para que as mulheres que tenham sido abusadas pelo médico não tenham medo de denunciá-lo. O médico, que está preso, passará por audiência de custódia na tarde desta sexta. O médico, que está preso, passará por audiência de custódia na tarde desta sexta.
De acordo a 12ª DP (Copacabana), duas vítimas procuraram a delegacia, nesta quinta-feira (02), e outras três registraram ocorrência, nesta sexta-feira (03). Os agentes coletam informações e realizam diligências para esclarecimento dos casos. 

"Eu peço pra você que foi abusada vir prestar seu depoimento, isso é muito importante! Você não vai ser filmada se não quiser, não precisa mostrar seu rosto, só vem pra delegacia fazer essa denúncia", disse.

Ela agradeceu ainda à primeira vítima que fez a denúncia. O caso a que ela se refere aconteceu em 2020, quando o médico foi denunciado por importunação sexual por outra paciente. Essa investigação segue em andamento na Deam do Centro.

"Se não fosse ela, eu não estaria sendo ouvida e não teria essa repercussão. Porque mesmo eu colocando meu rosto na mídia, nenhuma quis colocar, pois estão com muito medo, e se não fosse eu, elas não teriam vindo, tem uma inclusive com a aparência igual a minha, em que conversamos em como teríamos forças contra um médico novo, branco, bonito e com dinheiro", contou.

Cris comentou ainda sobre o medo de ser descredibilizada. "Muitos pensam em porque ele estragaria a carreira dele com uma menina que aceitaria sair com ele, então a gente fica com medo das pessoas não acreditarem na gente. É difícil pensar que porque um médico ia estragar a carreira dele por meninas normais feito a gente, tanto eu, quanto ela temos namorados, tudo certinho, e por a gente não querer, ele fez isso", relatou.

A influenciadora informou também que tem medo da impunidade e conta que recebeu no seu Instagram mais de 15 denúncias contra o médico.

"Caso aconteça algo comigo vocês já sabem, talvez eu nem volte para os Estados Unidos dia 13, pra resolver tudo isso, já até falei com minha gerente. Ele já tem casos de abuso antes desse, tem gente falando que ele era o pior aluno da faculdade, que não sabe nem como ele se formou, e por isso talvez precise ser investigado, pode até ser um diploma falso, comprado, são muitos rolos na vida desse homem", finalizou.

O DIA ainda não conseguiu contato com a defesa do médico. O espaço segue aberto para um posicionamento.

Procurada, a Polícia Civil ainda não respondeu sobre a abertura de novos inquéritos devido às novas denúncias.

O caso

Segundo a influenciadora, moradora dos Estados Unidos, que está apenas de férias no Brasil, ela nunca tinha feito esse tipo de exame e por isso não sabia exatamente como eram os procedimentos

"Eu fiquei na dúvida se o que eu sentia era realmente o que estava acontecendo ou se era coisa da minha cabeça. Depois que eu percebi, eu tentei sair da maca, mas ele me segurou pelos braços, me impedindo de descer porque ele queria que eu descesse pelo lado que ele estava, para sentar no colo dele", afirmou.
Martin Gomes de Souza Neto foi preso na noite desta quarta-feira - Reprodução / Redes sociais
Martin Gomes de Souza Neto foi preso na noite desta quarta-feiraReprodução / Redes sociais
Ela disse ainda que precisou brigar com o médico para conseguir sair da sala. "Ele só me soltou quando bateram na porta, nessa hora consegui me soltar dele porque ele se assustou e fui ao banheiro colocar minha roupa. Na segunda vez que a moça bateu na porta, ele abriu, e ela perguntou porque o exame estava demorando tanto e ele falou que a máquina de impressão não estava funcionando, nessa hora eu tava tentando fazer contato visual com ela, mas ela não tava olhando para o meu rosto, quando ela saiu, ela deixou a porta aberta, e foi nessa hora que eu corri e pedi ajuda", contou.
Logo depois de conseguir sair da sala ela contou que foi levada para uma sala por funcionários da clínica. "Eles me levaram para uma salinha e perguntaram o que eles podiam fazer para aquilo ficar ali, pra abafar o caso, e foi nessa hora que eu falei que não precisava de dinheiro, de nada, e o que eu queria era Justiça, para que outras mulheres não passem por isso", disse.

O que diz a clínica

Em nota publicada nas redes sociais, a rede Clínica da Cidade comentou que lamenta e repudia qualquer episódio de violência contra a mulher e se solidariza com o ocorrido. "Reforçamos que esse é o único caso registrado em nossos 20 anos de atividade".
 O caso aconteceu na Clínica da Cidade de Copacabana - Google Street View
O caso aconteceu na Clínica da Cidade de CopacabanaGoogle Street View


"Reforçamos que a rede aplica um processo de seleção de profissionais bastante rigoroso, seguindo toda a normativa para contratação de um profissional de saúde. Realizamos checagens prévias e periódicas, e em todos os âmbitos e os documentos do profissional em questão estavam em situação regular (Cremerj, CFM, Justiça) no momento da contratação, e ainda permanecem. Portanto, não era possível, para a Clínica da Cidade, saber de qualquer caso prévio como noticiado pela imprensa. Em todo o caso, desde momento do ocorrido, já foi revogado contrato de prestação de serviços e não faz mais parte do nosso corpo clínico. Por fim, reiteramos que a Clínica da Cidade tem um papel social importantíssimo no setor da saúde, com excelente reputação e que permanece à disposição para esclarecimentos e suporte", finalizou em nota.