Faculdades Integradas Hélio Alonso, em Botafogo, Zona Sul do RioDivulgação / Facha
Facha é acusada de fraude fiscal por ex-professores
Demonstrativos de rendimentos enviados à Receita teriam sido superfaturados
Rio – As Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), instituição situada em Botafogo, na Zona Sul, é acusada de ter fraudado demonstrativos de rendimentos de professores e ex-professores. Os documentos, enviados à Receita Federal, teriam sido superfaturados. A unidade de ensino vive um período conturbado e está em processo de recuperação judicial.
Segundo uma ex-funcionária da instituição, que preferiu não se identificar, todos os professores demitidos em 2022 ou 2023 tiveram o mesmo problema.
“Isso configura fraude contra credores e dá cadeia. Pra mim, (o motivo da fraude) foi tentar fazer a gente declarar como se tivesse recebido, para depois as irmãs Alonso (donas da Facha) tentarem pagar menos ainda. A outra hipótese é fraude, simplesmente, por motivos criminosos, mas isso não posso provar”, disse ela, que foi demitida em abril do ano passado e compartilhou o demonstrativo recebido e contracheques com a equipe do jornal O DIA.
Nesta quinta-feira (9), uma página intitulada 'Paga Facha' publicou uma declaração nas redes sociais, na qual alega que a instituição ainda não enviou os documentos corretos aos funcionários e que "o Departamento Pessoal da faculdade só nos enrola".
Segundo apurou a equipe do jornal O DIA, a Facha se comprometeu com o Sindicato de Professores do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) a corrigir os demonstrativos até a próxima quarta-feira (15), data inicial para o envio do imposto de renda de pessoa física.
A Organização Hélio Alonso de Educação e Cultura (OHAEC), mantenedora da Facha, declarou que reconhece a existência de erro em uma das informações inseridas nos demonstrativos de dez professores. Ela afirma que a Receita Federal foi imediatamente informada sobre o ocorrido e que aguarda o fim dos trâmites legais para que seja autorizada a emissão dos demonstrativos corrigidos.
Em relação à recuperação judicial, a OHAEC afirma que "tem total confiança na capacidade de preservar sua relevante e cinquentenária atividade em benefício de toda a sociedade, bem como de alcançar junto com seus credores uma negociação saudável e responsável acerca do consenso sobre os meios de pagamento de suas dívidas".
Em uma nota enviada à tarde a O DIA, a OHAEC voltou a se manifestar e prometeu não tolerar "acusações falsas e infundadas que tem como único objetivo tumultuar o processo de recuperação judicial pelo qual passa a Instituição". E diz ainda que o perfil 'Paga Facha' foi "criado exclusivamente para fins de disseminação de injúrias, calúnias e difamações e todas as condutas criminosas oriundas do perfil já estão sendo apuradas em procedimento criminal que tramita em segredo de Justiça".
A situação preocupa alunos da faculdade, que vivem um clima de incerteza sobre o futuro da instituição, com muitos acreditando que não conseguirão se formar.
"É desesperador, como aluno que está no sétimo período, reta final, ouvir que sua faculdade está passando por esse tipo de risco. Principalmente porque sempre ouvi sobre o estresse que alunos de outras faculdades que faliram ou fecharam passaram. Problemas com documentação que atrapalham trabalho, estudo, etc. É muito estressante viver com a possibilidade de que pode dar uma confusão enorme a qualquer momento. Hoje, vivo em uma corrida para terminar a faculdade antes que o pior aconteça", declarou o estudante de jornalismo Nicolas Oliveira.
“Estou desesperado, ainda falta pelo menos um ano e meio para me formar, não sei se a Facha vai existir até lá. Caso ela acabe, vai ser uma dor de cabeça enorme conseguir transferência”, disse outro aluno.
*Reportagem do estagiário Luca Tornaghi, sob supervisão de Iuri Corsini
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.