Rio - O avô paterno de Quênia Gabriela, morta com 59 sinais de tortura pelo corpo, afirmou que a neta foi abandonada pela mãe e era criada pelo pai e madrasta. A família paterna afirma que não sabia que a menina era vítima de violência doméstica. Avô e tia estiveram no IML no início da tarde desta sexta-feira para reconhecer e liberar o corpo da criança de 2 anos.
A madrasta Patrícia André Ribeiro, presa em flagrante, foi descrita como uma mulher violenta. O avô Antônio Carlos Lima não acredita que o filho, pai de Quênia, tenha agredido ou abusado da criança. Vinícius trabalhava no momento das agressões e constatou a violência ao chegar em casa na tarde de quinta-feira. Segundo sua irmã, o pai trabalhava em uma loja de departamentos no Pingo d'água, na Zona Oeste do Rio.
"Acho que ele não seria capaz de fazer tudo que foi feito com ela", disse.
Toda família morava junta em Campo Grande até outubro do ano passado, quando houve uma briga em que Patrícia teria agredido o pai, a irmã e a avó de Vinícius, pai de Quênia. O casal mudou-se para a Praia da Brisa, em Sepetiba.
Segundo a tia da criança, Quênia foi entregue à família aos 2 meses de idade. A tia considerava Quênia uma filha e chegou a amamentá-la, porque também tem um filho um mês mais velho do que a sobrinha.
Ela conta que a madrasta tratava a enteada como filha, mas que seu temperamento mudou após ela engravidar e ter um filho. Além de Quênia, o casal vivia com um bebê de três meses, que segundo os familiares, foi encaminhado a um abrigo após a prisão dos pais.
Juliana afirma que a sobrinha já apresentou arranhões e lesões, mas o casal afirmava que ela tinha caído, ou se machucado em acidentes domésticos.
"Não acredito que meu irmão fez isso. Ele pode ter sido omisso, pois se sabia das violências, deveria ter denunciado", conta.
A menina era matriculada em uma creche particular. A família paterna também questiona porque a unidade escolar não tomou providências contra os sinais de violência doméstica.
No IML, a informação é de que havia grave lesão no ânus da criança.
"Minha ficha não caiu ainda. Agora na delegacia vi meu filho e falei: 'Cara, acabou a sua vida", disse o avô paterno, que é motorista de aplicativo.
A madrasta havia deixado de trabalhar e passou a cuidar das crianças enquanto Vinícius trabalhava. A tia de Quênia ressalta que Patrícia não demonstrou sofrimento diante do crime.
"Eu acho que ela não esperava que a menina morresse no espancamento. Mas ela está com uma postura fria. Está 'zen'. Não demonstra nada pela criança ter morrido", afirma Juliana.
Mãe biológica abandonou criança
Segundo o avô paterno, a família recebeu Quênia bebê da mãe, que não quis criá-la. "A mãe é totalmente ausente. Nem sei onde está. Quando ela ligou falando que queria dar o bebê, na mesma hora eu falei cara, pega o meu carro e vai lá buscar ela. Quênia sofreu abandono até morrer , meu Deus do céu", emocionou-se o avô.
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